A senadora Serys Slhessarenko (PT) disputará uma cadeira na Câmara dos Deputados. A articulação nesse sentido começou a ser esboçada na última sexta-feira (9) e foi decisiva em reunião com o médico e, até então, candidato a deputado federal, Alencar Farina.
Segundo Farina, por problemas profissionais, ele já estava pensando em desistir, e a candidatura de Serys foi um "acordo de cavalheiros". "Em campanha, eu não poderia atender pelo SUS e os eleitores poderiam entender isso como desprezo. No último sábado, me reuni com a senadora e foi uma decisão conjunta", disse o médico.
Ontem (12), Serys passou a tarde reunida no Palácio Paiaguás com o governador Silval Barbosa (PMDB) e com as principais lideranças da coligação governista, mas não confirmou sua candidatura e nem se mostrou avessa a ela.
"Não sei. Vamos esperar um pouco, estamos fazendo negociação e não descarto a possibilidade de me candidatar", disse ao MidiaNews, por telefone.
A assessoria da senadora informou, nesta terça-feira, que ela será candidata a deputada federal, mas que ainda falta a parte legal do processo, já que não o formalizou nem junto ao Partido dos Trabalhadores nem ao TRE.
Segundo informou Farina, sua desistência foi protocolada ontem no TRE. A partir de agora, o prazo máximo para Serys decidir se vai participar das eleições deste ano é de 10 dias.
Abicalil
No ambiente interno do seu grupo, dentro do PT, Serys tem dito que teria pensado em participar da disputa eleitoral "devido ao clamor do povo". Segundo ela, existiria uma pressão muito grande para que não encerre sua vida política agora. Ela já foi deputada federal por 12 anos e está em seu oitavo ano como senadora.
Assim, tanto por pressão de seus correligionários como da população, a senadora sairia para brigar por uma cadeira na Câmara Federal. Apesar disso, a briga interna que teve com o candidato ao Senado e deputado federal Carlos Abicalil (PT) não significa, necessariamente, que as desavenças chegaram ao fim.
Mauro Mendes
Serys, que perdeu as prévias petistas para o próprio Abicalil, acusou o deputado de traidor e chegou a declarar que não subiria no mesmo palanque que ele. A senadora também deixou no ar que poderia apoiar Mauro Mendes (PSB), candidato a governador pela coligação "Mato Grosso Melhor Pra Você".
Ao MidiaNews, Abicalil, que também é presidente do PT em Mato Grosso, afirmou que não vê nenhum problema na candidatura. "Não tenho nenhuma objeção quanto à candidatura de Serys, ainda mais se for uma decisão conjunta do PT. Acataremos o que o partido decidir", disse.
Sobre a formalização da desistência e da substituição de Alencar Farina, no único documento formal que chegou ao PT, uma carta, o médico afirma que a decisão foi tomada por questão de cunho profissional e que já teria em Serys uma substituta. "Agora, aguardamos o pedido legal da senadora", reforçou Abicalil.
Quanto ao apoio contrário, de Serys em relação à Abicalil, a assessoria da senadora afirmou que não acredita em uma reconciliação com o deputado. É provável que Serys não peça votos para o deputado e que deixe esta função para seus correligionários.
Procurada hoje pela reportagem, a senadora não foi encontrada. Serys viajou para a Itália, onde participa da discussão de um projeto mundial, intitulado "Plataforma Global de Votação", que tratará do combate à marginalização da sociedade e do processo político e campanhas milionárias. A senadora volta ao Brasil no próximo sábado (17).