A atriz Drica Moraes, que sofre de um câncer chamado leucemia, vai passar por um transplante de medula óssea que pode fazer com que ela fique curada da doença. O tecido, tão importante para a vida de Drica, não vai vir de parentes dela, mas sim de uma pessoa cadastrada no Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), um banco de dados com informações de voluntários interessados em fazer a doação. O caso da artista mostra a importância desse tipo de atitude.
A medula óssea, que é um líquido, é responsável pela produção de hemácias, leucócitos e plaquetas presentes no sangue (veja mais informações no infográfico abaixo). O transplante desse tecido é indicado para alguns tipos de leucemia – a atriz sofre de uma "versão" da doença chamada mieloide aguda, que é mais comum em adultos. O problema, que progride rapidamente, faz com que a medula produza um grande número de células sanguíneas anormais.
Após o transplante, em que os médicos substituem a medula doente por meio de um método muito parecido com a transfusão de sangue, a expectativa é que o corpo passe a produzir células normais novamente. Para ser submetido ao procedimento, o paciente é internado e passa por quimioterapia (às vezes também por radioterapia) para destruir o tecido velho.
Segundo Fábio Kerbauy, hematologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e especialista em transplante de medula óssea, os casos de rejeição são muito raros.
A importância de ser um doador
Não existe fila de espera para receber esse transplante. Isso ocorre porque o paciente precisa ter compatibilidade genética com o doador. A chance de um paciente encontrar uma medula compatível é de uma em 100 mil.
É por essas razões que a busca por um doador começa dentro da família. No entanto, as chances de encontrar um doador ideal entre irmãos (de mesmo pai e mãe) é de 25%.
Para buscar um doador não aparentado, as informações dos pacientes são cruzadas com as dos possíveis doadores cadastrados no Redome.
Os interessados em fazer parte do banco de dados devem procurar um dos hemocentros habilitados (veja a lista aqui) e preencher uma ficha com informações pessoais. Será retirada pela veia uma pequena quantidade de sangue (5 ml) do doador para a realização de um exame de histocompatibilidade (HLA), que é um teste para identificar as características genéticas que podem influenciar no transplante.
Kerbauy afirma que, para realizar a doação, não é preciso coletar a medula óssea como um todo.
– As células-tronco dos doadores é que são coletadas. Essas células são capazes de se multiplicar e de formar uma nova medula.
Existem três formas de fazer a coleta da medula do doador. No primeiro caso, retira-se com uma agulha cerca de 15% do tecido do voluntário. A segunda opção é a pessoa passar por um procedimento chamado aférese – ela recebe uma medicação que permite a retirada das células-tronco por meio das veias do braço.
Já o sangue do cordão umbilical, rico em células-tronco, é a terceira alternativa. Esse material pode ser coletado e congelado.
Todos os candidatos à doação devem ter entre 18 e 55 anos. Por ano, no Brasil, são cerca de 130 transplantes de medula óssea entre não aparentados.
No infográfico abaixo, descubra mais informações a respeito desse tipo de transplante.