Dunga usa as mesmas desculpas que Parreira de 2006

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Dunga observa Kaká e Felipe Melo, dois de seus problemas no Mundial
AFP/Fabrice CoffriniDunga observa Kaká e Felipe Melo, dois de seus problemas no Mundial
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O técnico Dunga não quer de maneira alguma que sua seleção seja comparada com a de 2006. As farras depois dos jogos e principalmente o período de preparação em Weggis são marcas que ele deseja longe do time. Mas depois da fraca estreia nesta terça-feira (15) e a suada vitória por 2 a 1 diante dos norte-coreanos, o treinador tomou uma atitude idêntica à de Parreira em 2006.

Ele não admitiria nem sob tortura que jogadores-chave para os seus planos estejam atuando muito abaixo do mínimo aceitável. E, assim como Carlos Alberto Parreia fez com o seu quadrado mágico em 2006, Dunga mostra uma disposição até maior. Se preciso for, ele morre abraçado a Kaká, Luís Fabiano, Felipe Melo…

– O time vai melhorar. Os jogadores vão se soltar. A estreia é a partida mais complicada em uma Copa do Mundo. O importante é que vencemos. Em Copa do Mundo as coisas acontecem assim. Cada vitória precisa ser valorizada. Está tudo sob controle.

Dunga quer que todos valorizem a liderança momentânea do Grupo G, já que Portugal e Costa do Marfim empataram, e o Brasil derrotou a Coreia do Norte.

O técnico brasileiro nunca irá admitir publicamente, mas o caso mais grave e que empaca a seleção brasileira é Kaká. Ficou evidente para o mundo que o meia não conseguiu se recuperar fisicamente da pubalgia que teve no Real Madrid. Ele está preso, lento, errando passes e inseguro, fugindo das tentativas de dribles e arrancadas. A Coreia do Norte o marcou por setor e ele acabou anulado.

– Todos conhecem o potencial do Kaká. No dia a dia percebemos sua melhora. Ele ficou muito tempo sem jogar no Real Madrid. Isso pesa, mas não dá para negar seu potencial. Ele vai melhorar.

São palavras muito próximas às de Parreira ao falar do fraco rendimento de Ronaldo, Adriano, Ronaldinho Gaúcho e do mesmo Kaká em 2006.

Diante da Coreia do Norte o time nem precisou ser trocado para buscar uma alternativa mais efetiva para a nulidade de Kaká: Robinho passou a autuar como atacante e meia.

Ele passou a voltar à intermediária para executar o trabalho que deveria ser do meia do Real Madrid. Foi quando o Brasil passou a ser mais perigoso e a criar chances de gols. Essa possibilidade existe: Robinho jogar na meia, e o ataque brasileiro ser formado por Nilmar e Luís Fabiano. Mas Dunga por enquanto não quer mexer na equipe, acredita que se fizer isso irá “queimar Kaká”.

Para não ser uma perseguição pessoal, justiça seja feita. Luís Fabiano também está muito abaixo do seu nível. Assim como o meia do Real Madrid, ele teve uma lesão no Sevilla: uma forte contratura na coxa esquerda. Perdeu a final da Copa do Rei da Espanha, fez tratamento intensivo, diz estar recuperado, mas está também travado e sem ritmo de jogo. Ele passou a partida dando trombadas nos seus marcadores orientais e não ajudou a equipe brasileira.

O caso é menos grave, já que Luís Fabiano é um jogador de definição. Só que a atitude de Dunga é a mesma, nem pensar em trocá-lo por Grafite. O desnível técnico não recomenda, mas se ele continuar a jogar mal e não fazer gols, há de se ter coragem de tirá-lo da equipe. Seu futebol foi tão fraco quanto nos amistosos diante do Zimbábue e da Tanzânia.

No caso de Felipe Melo e Ramires, o gol que o Brasil sofreu da Coreia do Norte serve como uma desculpa para manter a equipe inalterada. Pouco importa se com a entrada do volante do Benfica o jogo fluiu mais leve, rápido. Para Dunga, o time ficou desprotegido sem Felipe Melo. 

 
Pelo menos o técnico atual da seleção não seguiu o seu antecessor. Não houve folga, festa, gandaia até as 5h da madrugada depois do jogo. Houve bom senso, e o time irá treinar na tarde desta quarta-feira (16). Dunga não vai admitir nunca para a imprensa, mas há muito o que consertar. Foi só a primeira partida. A Costa do Marfim é um adversário muito melhor qualificado. Drogba vai jogar contra os brasileiros. É excelente Dunga ser leal, mas que esta lealdade não represente falta de visão. Parreira morreu abraçado ao seu quadrado mágico. Ele não precisa fazer isso com Kaká, Luís Fabiano e Felipe Melo.

 

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