Indiciados, oficiais e praças continuam a atuar no Bope

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Treinamento de salvamento do Bope: tropa de elite da PM ficou marcada com morte de soldado de Alagoa
BRUNO GARCIA
DA REDAÇÃO

 

O secretário de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Diógenes Curado, afirmou que os cinco militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) indiciados na terça-feira (25) pela morte do policial militar de Alagoas, soldado Abinoão Soares de Oliveira, continuarão trabalhando "normalmente" na Polícia Militar.

Curado ressaltou que a Sejusp não irá interferir no processo de investigação do caso. As investigações ficaram a cargo da delegada Ana Cristina Feldner, do Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc), do bairro Verdão, que já concluiu seus trabalhos, e também na esfera judicial. "O caso está sendo apurado, e certamente, não iremos interferir nessas questões. O Estado cumprirá o seu papel", disse o secretário.

Tiveram as prisões preventivas pedidas pela Polícia Civil os tenentes da PM Carlos Evane Augusto e Dulcézio Barros de Oliveira, por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, tortura e impossibilidade de defesa), o sargento Moris Fidélis Pereira, o cabo Antônio de Abreu Filho e o soldado Saulo Ramos Rodrigues, por tentativa de homicídio.

O soldado Abinoão morreu vítima de tortura, por meio de afogamento, no dia 24 de abril, durante treinamento do 4º Curso de Tripulante Operacional Multimissão (TOM-M), realizado no Terra Selvagem Golf Club, na estrada de acesso ao Lago do Manso, em Chapada dos Guimarães, a 50 km de Cuiabá.

Os alunos Flávia Aparecida Rodrigues (cabo PM/MT), Luciano Roberto Frezato (soldado PM/PR) e Thiago Rodrigo Mendes da Silva (soldado PM/GO) passaram mal.

Com relação a excessos e exageros no treinamento, Curado apontou que o problema não estaria nos treinamentos, mas sim no direcionamento que  tomou a situação.

"Estamos falando de pessoas preparadas e o problema não é no treinamento, mas sim de fatos que ocorreram de uma forma que não deveria ter ocorrido", disse, referindo-se à morte do soldado. "Não sei se houve excessos", completou.

Vaidade

Conforme MidiaNews revelou, na terça-feira, a delegada Ana Cristina Feldner, que presidiu as investigações sobre a morte do soldado da Polícia Militar de Alagoas, Abinoão Soares de Oliveira, afirmou, em entrevista coletiva, na terça-feira (25), que o policial foi morto por mera vaidade dos oficiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), por serem considerados "caveiras".

Segundo o relatório final do inquérito, "caveira" são aqueles que concluem o curso de operações especiais, recebendo ao final o direito de se tatuar com o símbolo e ser considerado como um ser especial. 

"Desta forma, notamos que por ser um "caveira", os instrutores se acham no direito de submeter os alunos a se sujeitarem as mesmas humilhações e torturas que eles aceitaram e se submeteram. E ainda se dizem serem melhores e especiais, deixando a vaidade se sobrepor as razões técnicas, legais e os objetivos da capacitação", afirmou a delegada.

O treinamento foi ministrado pelos tenentes Carlos Evane Augusto e Dulcézio Barros de Oliveira. Segundo a delegada Ana Cristina Feldner, os alunos foram submetidos a condições diferentes, uma vez que muitos nada sofreram e outros foram "massacrados".

"Desta forma, notamos que por ser um 'caveira', os instrutores se acham no direito de submeter os alunos a se sujeitarem as mesmas humilhações e torturas que eles aceitaram e se submeteram. E ainda se dizem serem melhores e especiais, deixando a vaidade se sobrepor as razões técnicas, legais e os objetivos da capacitação", afirmou a delegada.

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