Vice-presidente do diretório estadual do PTB, Homero Florisbelo afirmou que não vê unidade do partido em apoiar a candidatura de Wilson Santos (PSDB) ao governo do Estado, por conta do que classifica de "equívocos políticos" dos responsáveis pela sigla em Cuiabá.
"Houve uma ansiedade em apoiar o projeto do PSDB para assumirmos definitivamente a Prefeitura de Cuiabá, o que gerou atritos com o governo do Estado e deixou indignada a militância do partido no interior, porque vereadores, prefeitos e vice-prefeitos precisavam do apoio do Estado para viabilizar projetos", afirmou Florisbelo.
O que chama a atenção é que a legenda foi a mais favorecida com a saída do tucano da Prefeitura de Cuiabá. Desde o dia 1º de abril, o petebista Chico Galindo responde pelo Palácio Alencastro e governará a Capital, que detém orçamento anual de R$ 1 bilhão, até 2012.
Conversas internas
Embora seja negada publicamente, uma ala do partido democrata (DEM) tem resistência em apoiar Santos na corrida pelo Palácio Paiaguás, o que expõe fragilidade, neste momento, na relação com os partidos considerados aliados que vão oficializar o apoio somente na convenção partidária. O evento político deve ser feito até o final de junho, conforme estipulado pela legislação eleitoral.
Por conta dos efeitos desta insatisfação, Homero Florisbelo entende que o momento exige concentração de esforços para unir a militância petebista a favor do projeto de eleger o tucano nas eleições de outubro.
"Estamos dialogando para eliminar arestas, é inegável que essa precipitação a favor do Wilson Santos prejudicou a relação com o governo Blairo Maggi que ajudamos a reeleger em 2006. A partir de agora, tem que dialogar com todos os setores do partido para eliminar qualquer resquício deste mal-estar e evitar problemas mais à frente", comentou.
Apesar de reconhecer dificuldades internas, Homero Florisbelo acredita no potencial de Wilson Santos. "Considero um bom nome para disputar o governo do Estado. Pelo seu histórico político, pode ter um bom desempenho nas áreas de saúde pública e educação, que merecem atenção especial para o melhor do futuro de Mato Grosso.
Representatividade
Em Mato Grosso, o PTB é representado atualmente por 58 vereadores, seis vice-prefeitos e dois prefeitos que são o recém cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MT) Clóvis Martins (Poconé) e Gercino Caetano Rosa (Nova Xavantina). O primeiro já declarou que tem simpatia em apoiar Silval Barbosa (PMDB) ao governo do Estado, o que levou a ser alvo da Comissão de Ética do partido.
Com a proposta de eleger pelo menos dois representantes na Assembleia Legislativa, o partido ainda não decidiu se vai para a disputa com chapa pura ou se reproduz na proporcional a aliança feita na majoritária. "A chapa pura pode ser favorável, mas, ainda não decidimos nada, só vai ser resolvido após várias conversas internas", assegurou o dirigente partidário.
De acordo com o artigo 10 da Lei nº 9.504, do Código Eleitoral, cada partido poderá registrar candidatos para a Câmara dos Deputados, Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais, até 150% do número de lugares a preencher. Assim, se optar pelo isolamento partidário, o PTB poderá lançar 36 nomes à disputa, uma vez que são oferecidas 24 vagas na Assembleia Legislativa de Mato Grosso.
A mesma lei estipula que uma coligação partidária, independentemente do número de partidos que integra, poderá registrar até o dobro do número de vagas a serem preenchidas, ou seja, 48 em Mato Grosso. O coeficiente eleitoral para deputado estadual e federal corresponde no Estado corresponde a 67,4 mil e 197,6 mil votos, média que deve ser alcançada pelo partido ou coligação para eleger um representante.
Dissidências
O presidente do diretório nacional do PTB, ex-deputado federal Roberto Jefferson, já sinalizou que deverá apoiar a candidatura do ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB), à presidência da República. A aliança nacional que une PSDB-DEM e PTB será reproduzida em Mato Grosso a favor de Wilson Santos.
No entanto, a mesma direção nacional já divulgou uma resolução liberando os Estados para composições, o que, na prática, pode gerar prejuízo eleitorais aos tucanos.
"O nordeste vai apoiar a Dilma Roussef e disso não tenho dúvida. Em Alagoas, o senador Fernando Collor de Mello vai disputar o governo do Estado com o Teotônio Villela do PSDB. Isso vai se repetir na Paraíba e em Pernambuco por conta da identificação com o presidente Lula. Esse mesmo efeito se repete na região Norte", destacou Homero Florisbelo.
A bancada do PTB é composta por 24 deputados federais e sete senadores. O senador Gim Argello (DF) já sinalizou que pretende apoiar Dilma Roussef à Presidência da República. O líder do PTB no Senado, Epitáfio Cafeteira (MA) é orientado pelo companheiro de Estado e presidente do Congresso Nacional, José Sarney (PMDB-MA), a apoiar a petista.
"Acredito que 80% da bancada da Câmara Federal deve seguir com Dilma Roussef. No Senado, o cenário é mais favorável ao Serra", observa Florisbelo.