Índios prometem antecipar protestos no Xingu contra Belo Monte

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Lideranças indígenas do Parque Nacional do Xingu, no Pará, ao tomarem conhecimento da conclusão do leilão para construção da usina de Belo Monte, demonstraram irritação e prometeram antecipar nesta quarta-feira (21)  as manifestações contra a construção da hidrelétrica na região.

O leilão foi realizado nesta terça-feira (21), apesar dos protestos e das liminares que tentavam suspendê-lo. O consórcio Norte Energia, liderado pela Chesf, saiu ganhador, com um lance de R$ 78 por Megawatt-hora, valor 6,02 % inferior ao teto estipulado pelo governo, que era de R$ 83 MWh.

O ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmerman, considerou o leilão, que contou com dois grupos participantes, um sucesso.

– Podemos dizer com toda a segurança que o Brasil é vitorioso, com uma usina mais barata. O leilão foi um sucesso. O lance vencedor foi de R$ 78, mas com os ajustes, o valor ficou em R$ 77,97, deságio de 6,02% em relação à tarifa teto.

A articulação indígena contra a usina já começou em todo o Xingu, segundo o cacique kaiapó Megaron Txcurramãe.

– Vocês terão notícias da Belo Monte aqui [no Xingu].

O líder indígena está reunido desde a segunda-feira (19) com cerca de 30 lideranças na aldeia Piaraçu, na Terra Indígena Capoto-Jarina, nordeste de Mato Grosso, quase na divisa com o Pará.

Embora a usina esteja prevista para ser construída no Pará, o cacique Megaron disse que não se pode esquecer que o rio Xingu nasce em Mato Grosso. Ele acredita que o rio será "atingido em toda sua constituição e todos que dependem dele serão prejudicados".
 
O rio corta o Pará e deságua no Rio Amazonas. Tem 1,8 mil quilômetros de extensão. A usina, que terá capacidade para gerar 11 mil megawatts, a terceira maior do mundo, tem custo de construção estimado em R$ 19 bilhões. 

O governo alega que a hidrelétrica trará desenvolvimento econômico à região, assim como a geração de 18 mil empregos e o repasse de R$ 175 milhões às cidades atingidas pela obra.

O projeto vem há décadas enfrentando oposição de ambientalistas pelos impactos sócio-ambientais que causaria. Por conta disso, a licença ambiental, concedida após pressão do governo sobre o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), vem sendo questionada na Justiça.

 

 

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