RENÊ DIÓZ
DIÁRIO DE CUIABÁ
A polícia prendeu no último sábado (3), em Sorriso (a 420 km ao Norte de Cuiabá), a dona-de-casa Michele Silva, 21, acusada de tentativa de homicídio qualificado por ter ateado fogo em seu único filho, de cinco anos. Segundo disse a própria mãe à polícia, tudo aconteceu por conta de uma crise conjugal. O Conselho Tutelar está acompanhando a situação da criança, que passa bem, segundo funcionários do Hospital Regional de Sorriso.
Até ontem, a criança estava internada em isolamento (pelo risco de infecções) na clínica geral do hospital e se mantinha sentada, sem roupas, tomando soro, apresentando marcas de queimaduras principalmente no braço e na região torácica, mas sem reclamar de dor.
O pai da criança, que é eletricista, está acompanhando P. no hospital. Ele não quis falar diretamente com a reportagem, mas acabou informando a funcionários do hospital que viu o crime acontecer.
Ele estava entrando no carro entre 16h e 17h do sábado quando Michele, que sofre de depressão, ameaçou atear fogo em suas roupas devido a mais uma crise do casal, que há cinco anos vive um casamento conturbado. Eles haviam acabado de travar uma discussão.
Michele reclamava da ausência do marido e da falta de atenção com ela. Ao mesmo tempo, colocava as roupas dele na churrasqueira da casa no bairro Jardim Aurora (centro da cidade) e segurava uma garrafa de um litro de álcool nas mãos. Tudo para chamar a atenção do cônjuge, que, do lado de fora da casa, estava entrando no carro para ir embora.
Neste momento, o filho do casal, P., aproximou-se da mãe e perguntou o que estava acontecendo. Aí, Michele acabou jogando no corpo do próprio filho o álcool que deveria inflamar as roupas do marido.
Segundo funcionários do Regional, o pai alega que "não pode acusar do que não viu" e que Michele agiu num "momento sem pensar". Com esse ato, a intenção da mulher seria chamar a atenção do marido e fazê-lo descer do carro.
Entretanto, após despejar álcool no filho, Michele acendeu dois palitos de fósforo e atirou contra a criança. O primeiro palito falhou, mas o segundo atirado contra P. provocou chamas que chegaram a fazer a pele do braço da criança se descolar.
Desesperada com o que ela mesma tinha acabado de fazer, Michele levou P. ao chuveiro e chamou o marido, que finalmente levou o filho ao Hospital Regional. Foi o hospital que chamou a Polícia Militar para prender a mãe, que foi encontrada na Casa de Amparo à Mulher e logo depôs confessando tudo. O Conselho Tutelar também instruiu o pai da criança a registrar um boletim de ocorrência sobre o fato