O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse nesta
terça-feia (15), em Manaus, que o projeto de criação de um míssil brasileiro
capaz de percorrer 300 quilômetros de distância até seu alvo final está “em
fase final de desenvolvimento”.
“Falta muito pouco para ele complementar a artilharia de
foguetes do Exército brasileiro, dando-nos um poder dissuasório muito grande”,
respondeu o ministro ao ser perguntado sobre o atual estágio de produção do
Míssil Tático de Cruzeiro AV-TM 300 – cujo desenvolvimento, junto com o Foguete
Guiado SS-40, faz parte do Projeto Estratégico Astros 2020, lançado em 2011,
durante o governo Dilma Rousseff, que, à época, concedeu R$ 45 milhões de
crédito para aquisição de todo um novo sistema com alta mobilidade e capaz de
lançar mísseis e foguetes a longas distâncias.
Com alcance de até 300 quilômetros de distância e uma
precisão de até 30 metros, o armamento desenvolvido pela companhia nacional
Avibrás ampliará o poderio bélico brasileiro, podendo ultrapassar os limites do
território nacional e atingir alvos estratégicos muito além da capacidade dos foguetes
hoje em uso no Brasil.
Atualmente, a família de foguetes Astros compreende quatro
modelos com menor alcance que variam entre 30, 40, 60 e 80 quilômetros.
O principal objetivo do AV-TM 300, conforme sugere o
ministro ao mencionar o “poder dissuasório” do armamento, é desencorajar
eventuais ameaças externas. Além disso, o projeto Astros 2020 prevê outras
iniciativas para dotar o país de “meios capazes de prestar um apoio de fogo de
longo alcance, com elevada precisão e letalidade”. Entre estas iniciativas está
a implantação de unidades militares de mísseis e foguetes, de um centro de
instrução e de bases administrativas.
A previsão inicial era de que as primeiras unidades do AV-TM
300 fossem entregues ao Exército ainda este ano, mas ao ser questionado sobre
os prazos, Silva respondeu acreditar na “possibilidade” de serem entregues
entre 2021 e 2022.
Exercício
Uma bateria do sistema de lançadores múltiplos de foguetes
Astros 2020, já em uso pelo Exército, foi deslocada de Formosa (GO), a cerca de
90 quilômetros do centro de Brasília (DF), até a região de Manaus, onde, até o
próximo dia 23, efetivos das Forças Armadas participam de um exercício militar
coordenado pelo Exército.
Batizado de Operação Amazônia, o treinamento envolve cerca
de 3.600 militares, e simula um ataque externo à região amazônica. “Fiquei
impressionado com a concentração estratégica dos meios, particularmente do
Exército brasileiro”, comentou o ministro da Defesa, que chegou ontem (14) à
região para acompanhar o exercício militar.
De acordo com Silva, foram necessários dois meses para
transportar a bateria do sistema de lançadores de foguetes pertencente ao 6º
Grupo de Mísseis e Foguetes de Formosa até próximo a capital amazonense. “Foram
dois meses de deslocamento até ele ser posicionado nos pontos para treinamento.
O que demonstra a mobilidade dos meios do Exército.”
Presente no exercício, o comandante do Exército, Edson Leal
Pujol, destacou a importância dos militares brasileiros estarem aptos a atuar
na região. “A preparação para estarmos aptos a defender este rincão da Nação é
extremamente importante. É um esforço muito grande, mas é nosso dever para com
a sociedade brasileira nos prepararmos e treinarmos para se, um dia, houver a
necessidade de defendermos nossa Amazônia. Por tudo que ela representa em
termos de riquezas minerais, biodiversidade, para a economia e para a vida dos
brasileiros”, disse Pujol.
Agência Brasil