A localidade é conhecida pela alta concentração de onças
pintadas e teve 51 mil hectares, do total de 108 mil hectares, queimados pelo
fogo iniciado há cerca de oito dias.
O trabalho de testes na fase terrestre, desenvolvido pelo
Corpo de Bombeiros, faz parte da Operação Pantanal II e terá duração de três
dias. Para isso será empregado o uso de 20 mil litros da substância misturada
com água.
Serão coletadas 30 amostras do solo, que devem ser
encaminhadas para análise de laboratório e testagem da eficácia do produto.
O agente químico desenvolvido no Estado do Espírito Santo já
foi utilizado em outros países com eficácia, como Chile, Canadá e Estados
Unidos, para a mesma finalidade. O resultado deve ser concluído em até 30 dias.
O material é aplicado em uma faixa de dois metros e não
contém elementos tóxicos que danifiquem ou provoquem danos ao meio ambiente,
conforme laudos do Ibama. Além do retardante, as equipes também vão fazer
demarcações em uma área de 50 quilômetros. A ideia é criar uma espécie de
refúgio para os animais que vem sofrendo com as queimadas, desidratação e risco
de óbito de espécies de pequeno e grande porte.
“Também estamos testando o impacto desse insumo no meio
ambiente. Temos inúmeras equipes trabalhando de forma integrada visando
proteger ao máximo a unidade de conservação, considerando sua relevância no
Brasil e no mundo. Não temos estimativas de animais atingidos, mas não há
dúvidas de que são muitos. O Pantanal já teve mais de um milhão de hectares
queimados”, lamentou Paulo André da Silva Barroso, secretário executivo do
Comitê Estadual de Gestão do Fogo (CGF).
A secretária de Estado de Meio Ambiente, Mauren Lazzaretti,
defendeu o uso dos produtos químicos e reforçou a necessidade da avaliação a
respeito dos impactos que os retardantes podem causar ao meio ambiente.
“Mato Grosso está enfrentando uma situação de calamidade,
especialmente no Pantanal, e os bombeiros estão em uma operação de guerra contra
o fogo. Precisamos nos valer das melhores técnicas existentes no país e no
mundo e, para isso, vamos aplicar o produto e avaliar os seus reflexos. Nesse
momento, temos um impacto gigante sendo imposto ao Pantanal, com perda de
biodiversidade, enfraquecimento do solo e sofrimento da fauna. As novas
técnicas podem auxiliar nesse combate e minimizar os impactos atuais”, afirmou
ela.
Para realizar a força-tarefa, a equipe composta por 20
militares e integrantes da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) e Defesa
Civil conta com o uso de drones, caminhões ABTF, abafadores, aeronaves e
máquinas agrícolas.
Nesta quinta-feira (10.09), haverá um novo teste com o
retardante sendo aplicado com o uso de uma aeronave.
“A operação só terminará depois que construirmos um
espaço seguro e garantirmos que o fogo esteja controlado. Este primeiro dia de
uso do retardante podemos considerar positivo – já que houve baixa na
intensidade e velocidade do fogo. A próxima etapa será proceder com os testes
tanto na vegetação, como no solo”, explicou o capitão do Corpo de
Bombeiros, Leandro Alves.
Assim como em todas as áreas afetadas anteriormente, o
Parque Estadual Encontro das Águas também passará por perícia para identificar
as causas e onde foi iniciado o incêndio.
Operação Pantanal II
A operação para combater incêndios em áreas florestais de
Mato Grosso foi iniciada no dia 7 de agosto em uma ação conjunta. O último
boletim divulgado pelo Corpo de Bombeiros aponta que as equipes continuam
atuando no combate aos incêndios em outros pontos do Pantanal, como a estrada
Transpantaneira Setor Norte e Sul (Porto Jofre) e áreas próximas a reserva Sesc
Porto Cercado.
Também atuam nesses pontos, militares da marinha, bombeiros
militares de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul, ICMBIO, IBAMA, funcionários
do Sesc Pantanal e Universidade Federal de Mato Grosso. O monitoramento das
áreas é feito via satélite pelo Centro Integrado Multiagências de Coordenação
Operacional (Ciman-MT).
Assessoria