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Eles são jovens, vereadores em primeiro
mandato, engajados em movimentos
sociais, do mesmo partido… e gays.
A orientação sexual dos vereadores Ícaro
Reveles (PSB) e Maurício Gomes (PSB)
não deveria ser pauta, no entanto, em
Mato Grosso eles são os únicos candidatos
eleitos que são declaradamente LGBTIs
(lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e
intersexuais). Em um universo de 1.404
vereadores no estado,
eles representam 0,14% entre os eleitos, mas apesar de pequena, eles acreditam que essa representação e
visibilidade já são conquistas.
Há 9 anos o Brasil aderiu à comemoração do Dia de Combate à LGBTIfobia, em 17 de maio, como uma
forma de chamar a atenção para o preconceito e combater todo o tipo de violência que a população LGBTI
enfrenta, que começa muitas vezes em casa e pode acabar em agressões e até morte. A data faz referência
a 17 de maio de 1990, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) excluiu a homossexualidade da
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID), ou seja,
quando deixou de classificar as diferentes orientações sexuais como doença.
Maurício passou por uma situação de ameaça nas eleições do ano passado, quando concorreu a deputado
estadual. Ele teve o muro de sua casa pichado com frases homofóbicas e o vidro do carro quebrado com
uma pedrada. Essa foi a situação mais grave de preconceito que ele presenciou, mas não foi a única.
“Sorriso é uma cidade conservadora e tenho tido bastante respaldo na Câmara.
Quando fui eleito falavam que eu ia entrar para fazer ‘bafão’ e hoje sou uma
dos vereadores mais atuantes e já recebi até prêmios em outro estado. Só que
na internet sempre sofro ataques, mas não dou moral”, afirma Gomes.
Já em Várzea Grande, cidade que elegeu Ícaro como vereador, a situação
é mais tranquila e ele afirma que nunca enfrentou preconceito na Câmara,
o que já é um avanço. “O grande desafio da política mato-grossense é a
representatividade LGBTI. Acredito que quebramos muitos paradigmas em
Várzea Grande. A gente é muito estereotipado, mas venho mostrando meu trabalho e as pessoas têm
visto que não existe diferença entre gay e hétero”.
Como vereadores, tanto Ícaro quanto Maurício lutam pela igualdade de direitos e de oportunidades, assim como usam a visibilidade dada pelo cargo para falar sobre os problemas vividos pela população LGBTI. A maioria das pessoas tem preconceito por falta de conhecimento, se deixam levar por fake News. Quando mostramos a verdade, vamos quebrando isso”, afirma o vereador várzea-grandense.
Em Sorriso, Maurício apresentou um projeto para que 17 de maio também faça parte do calendário oficial, com realização de oficinas e debates sobre o tema. “Precisamos que as prefeituras tragam e atendam as pessoas LGBTIs. Precisamos ter políticas públicas para LGBTIs para que LGBTIs possam entrar para a política e não só nela, mas em outras profissões.
Precisamos incluir para avançar”.