A decisão da juíza Vanessa Curti Perenha Gasques, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), de se colocar sob suspeita para relatar processos em que o governador Pedro Taques (PSDB) esteja envolvido pode ser usada no recurso do ex-deputado federal Carlos Abicalil (PT) junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cobrando a cassação da chapa do tucano, eleita em 2010 para o Senado.
No julgamento sobre a fraude na ata de 2010, a magistrada votou para que apenas o registro de José Medeiros (Podemos) fosse cassado, inocentando Taques e Paulo Fiúza. Abicalil, que era autor da ação e ficou em 3º lugar na disputa ao Senado naquele ano, poderia ter assumido a vaga, caso todos fossem cassados.
Vanessa se declarou suspeita para atuar em processos envolvendo o governador depois de vir a público a delação do empresário Alan Malouf, no dia 19. Na colaboração, o marido dela, o empresário Erivelto Gasques, dono City Lar, é citado como um dos supostos membros do grupo que arrecadou dinheiro de caixa 2 para a campanha de Taques em 2014.
Para Abicalil, a juíza não teve esta mesma preocupação na época do julgamento do caso da ata fraudada. “Ela tratou o governador com a máxima intimidade. De fato, havia uma relação contratual e empresarial com o esposo da juíza e isso pode ter influenciado no julgamento dela”, considera o petista.
Relator do caso da ata, o juiz Ulisses Rabaneda votou pela cassação de toda a chapa, incluindo Taques e Fiúza, o que beneficiaria Carlos Abicalil. Juíza revisora, Vanessa, porém, viu motivos para cassar somente o registro de Medeiros, o que fez com que Fiúza é que ficasse com a vaga de senador. Os demais magistrados acompanharam o voto dela. Atualmente, Medeiros permanece no cargo por conta de um recurso com efeito suspensivo.