Auditoria interna realizada pelo Corinthians em sua Arena, no bairro de Itaquera, em São Paulo, encontrou um vazamento de água no estacionamento do estádio e há temor que isso possa causar deslizamento de terra na área externa. As informações são de Juca Kfouri, jornalista dos canais ESPN, publicadas no jornal Folha de S.Paulo.
O caso, segundo a reportagem, foi descoberto em junho de 2016, um ano depois de a administração do estádio ter sido alertada pela Sabesp sobre o consumo excessivo de água. Em fevereiro, houve um deslizamento de terra na área ao lado do estacionamento leste, que chegou até a calçada da avenida Radial Leste, uma das principais da cidade.
Segundo apuração interna do clube paulista haveria relação entre esse deslizamento e o vazamento de água no subsolo do estacionamento, que comporta 350 carros e é utilizado por torcedores em dia de jogos. Técnicos já teriam alertado tanto a Odebrecht, quanto o Corinthians, sobre os riscos.
A Folha diz, citando fontes que tiveram acesso a relatórios sobre o problema, que mais de 10 milhões de litros de água vazaram na área do estacionamento do estádio, o que seria suficiente para abastecer um mês o condomínio do Copan, edifício icônico da região central de São Paulo, que tem 35 andares e 1.160 apartamentos.
Segundo o Prof. Fernando Antônio Medeiros Marinho, do Departamento de Estruturas e Geotécnica da Poli/USP, o problema deve ser avaliado de maneira rigorosa imediatamente pelo Corinthians, já que pode colocar a população local em risco.
Além disso, Marinho ressaltou que o problema pode piorar nos próximos dias, já que a estação de chuvas derramará ainda mais água no local, o que pode agravar a situação.
“Não acho que se deva colocar ninguém ali perto (da Arena Corinthians), tendo em vista de que há suspeita de um possível deslizamento em um local no qual há trânsito e gente. Não se pode colocar a população em risco. Até porque os dias de chuva podem piorar o problema, então é essencial que se façam vistorias técnicas o mais rápido possível”, explicou, ao ESPN.com.br.
“A primeira medida que o Corinthians deve tomar, como acredito que já tomou, é fazer um levantamento completo de tudo com uma equipe de engenheiros para verificar a fundo toda a situação, para saber se há risco imediato ou não de um deslizamento. Ressalto: a vistoria técnica é fundamental e deve ser feita o mais rápido possível, também para descobrir a origem do vazamento, se foi de uma tubulação ou algo do tipo”, ressaltou.
Segundo o especialista da Universidade de São Paulo, o time alvinegro também deve procurar saber em quanto tempo essa quantidade de água vazou, para saber quais tipos de prejuízo ela pode ter causado às estruturas do prédio ou ao solo em que a Arena foi construída.
“(10 milhões de litros) É um vazamento grande, mas é preciso ver em quanto tempo esse volume vazou. Imagine que é uma chuva: uma precipitação mais intensa em menos tempo concentra mais água em um tempo mais curto, o que é pior. Então, é preciso ver em quanto tempo ela vazou. Pelo que entendi, já vem ocorrendo faz tempo”, afirmou.
O clube paulista teria conhecimento do vazamento desde junho do ano passado.
“É preciso interromper o vazamento e verificar a situação atual de tudo. Um estudo em termos de água é essencial para saber qual é o risco de deslizamento na situação atual”, acrescentou Marinho.
O risco de deslizamento, inclusive, não seria o único problema encontrado pela auditoria do Corinthians, que também teria registrado rachaduras em paredes do estádio, na arquibancada do setor norte; buracos no piso ao redor da arena, no estacionamento leste e em outras áreas; além do risco de queda de placas da cobertura e paredes, que já aconteceram.
Responsável pela obra, a Odebrecht disse que não vai se pronunciar sobre o assunto, enquanto o Corinthians confirmou apenas a existência da auditoria, sem comentar os problemas encontrados.
“A auditoria está vendo de tudo. Só no final disso vamos falar. E mais: o Corinthians não deu ainda o aceite da obra. Então, a Odebrecht é responsável por tudo, até que prove o contrário”, afirmou o ex-presidente do clube e atualmente deputado federal Andrés Sanchez, responsável pela gestão do estádio.
Após o ocorrido, o clube liberou nota oficial se posicionando sobre o caso.
Confira:
“Desde as primeiras horas do dia, a Arena Corinthians e o Sport Club Corinthians Paulista estão em contato com a Odebrecht, responsável pela obra do estádio, para verificar as informações veiculadas em matéria publicada nesta terça-feira na Folha de S. Paulo.
Uma equipe de manutenção trabalha diariamente e verifica minuciosamente as condições para que os torcedores estejam em completa segurança no estádio e, até o momento, não há informação vinda da Odebrecht para qualquer risco de deslizamento. A Arena e o clube reforçam, ainda, que toda a construção do estádio está passando por uma auditoria externa, como é de conhecimento público.
A Arena Corinthians e o Sport Club Corinthians Paulista esclarecem também que foram procurados pela Folha de S. Paulo apenas para responder sobre o funcionamento do estacionamento do setor Leste e não foram questionados previamente sobre os outros pontos abordados na matéria. Se fossem, teriam esclarecido as informações ao jornal; como farão, junto com a Odebrecht, nas próximas horas”.