A organização criminosa, ligada ao ex-secretário de Estado de Educação Permínio Pinto (PSDB), preso nesta quarta-feira (20), na segunda fase da Operação Rêmora, se reunia na sala 1.602, 16º andar, do luxuoso edifício comercial Avant Garden Bussiness, com a presença dele.
É o que investigou o Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e esta informação consta do pedido de prisão preventiva do ex-secretário.
O prédio espelhado se destaca na avenida Miguel, próximo à Trincheira do bairro Santa Rosa.
Este edifício tem apenas um ano de inaugurado e, conforme apurou o Gazeta Digital, está entre os mais cobiçados de Cuiabá. Uma agente imobiliária garantiu que não há, inclusive, salas disponíveis no prédio no momento, pela infra-estrutura de alto padrão que oferece e localização privilegiada.
De acordo com o Gaeco, do Ministério Público Estadual (MPE), um dos envolvidos no esquema da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) alugou a sala, por R$ 2.300 ao mês, para as reuniões clandestinas.
E era lá que ocorriam as negociatas investigadas na Rêmora, relativas a fraudes em licitação de obras escolares e favorecimento de empreiteiros, mediante pagamento de propina de 5% encima de qualquer valor pago pela Seduc.
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A confirmação de que o ex-secretário Permínio frequentava tais reuniões clandestinas veio, inclusive, por meio do registro de entrada no prédio, feito na portaria. O nome dele aparece na lista de pessoas que que estiveram no Avant Garden dia 18 de agosto de 2015, com entrada registrada às 13h08 e saída às 14h35.
Esta confirmação, além de interceptações telefônicas, provas encontradas em arquivos de computadores apreendidos na primeira fase da Rêmora e declarações de testemunhas subsidiaram o pedido de prisão preventiva feito pelo Gaeco e recebida pela juíza da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosana, às 17h30, do dia 6 de julho.
À juíza, o Gaeco alegou que a prisão de Permínio, apontado como “cabeça” do esquema, seria importante para ele não fugir, não destruir provas e para não continuar na prática desses delitos. No dia 15 de julho, ela determinou a preventiva do ex-secretário, cumprida nesta quarta-feira.
O Gazeta Digital teve acesso à decisão judicial nesta quinta-feira (21).
Permínio, que está preso no Centro de Custódia de Cuiabá, vai prestar depoimento na próxima quarta-feira (27), às 14 horas, no Gaeco. Outros envolvidos no esquema serão intimados a depor nesta sexta-feira (22) e na segunda-feira (25) e terça-feira (26), da semana que vem, no mesmo local e horário.
Em janeiro de 2015, ao assumir a pasta da Educação, Permínio disse à imprensa que teria como principal desafio a precária infraestrutura das escolas estaduais de Mato Grosso.
Um ano e 4 meses depois, ele foi exonerado do cargo pelo governador Pedro Taques (PSDB), por suspeitas de que estaria envolvido no esquema de obras escolares desbaratado pela Rêmora.