Jéssica Moreira/GD
O Hospital Regional de Colíder (650 km de Cuiabá) não faz partos há dois meses por falta de pagamento para pediatras e ginecologistas. Sem receber, os profissionais suspenderam as atividades e 300 bebês deixaram de nascer na unidade e as grávidas da cidade estão sendo encaminhadas aos hospitais de Alta Floresta e Sinop.
Os médicos estão com salários atrasados há 5 meses, mas a decisão de parar o atendimento ocorreu em novembro. Apenas os ortopedistas continuam atendendo normalmente.
Reprodução UTI Neonatal não funciona há dois meses em Colíder. |
Em outubro de 2015 todos os respiradores da UTI neonatal do hospital não estavam funcionando. Agora mesmo com a chegada de novos equipamentos, faltam profissionais para operá-los.
O Hospital de Colíder dispõe de 8 leitos de UTI adulto para atender 11 cidades, abrangendo 100 mil habitantes.
A presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed), Eliana Siqueira, explica que irá encaminhar nesta quinta-feira (14) um pedido de audiência com o governador do Estado, Pedro Taques, para discutir a situação dos hospitais regionais.
“Além de Colíder, em Sinop, Rondonópolis e Alta Floresta os médicos também estão com pagamentos atrasados”, disse Eliane ao informar que o Sindimed protocala amanhã denúncia no Ministério Publico Estadual contra o Estado”.
O médico pediatra Antônio de Queiroz, da Med Vida Serviços Médicos, que prestava serviços à unidade de Colíder está em Cuiabá tentando audiência com o secretário de Saúde, Eduardo Bermudez, para buscar uma solução para a falta de pagamento.
“Fiquei 5h15 esperando ser atendido pelo secretário de saúde para ele mandar a secretária dizer que não poderia me receber. É uma falta de respeito”.
Reprodução Enfermaria do Regional de Colíder vazia por falta de pacientes. |
Na empresa que administra, 4 médicos pediatras estão sem receber os salários de agosto, setembro e outubro de 2015.
Queiroz explica que a equipe entregou os serviços para garantir a segurança dos profissionais. “O Código de Ética Médica impede de atuarmos em hospital sem condições de trabalho. Para garantia, registramos boletins de ocorrência”.
Outro lado
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou por meio de nota que:
· O pagamento é realizado após envio e analise de documentação que comprove que o serviço foi prestado de acordo com o contrato celebrado entre a SES e a prestadora.
· Está em atraso o pagamento referente aos meses de setembro, outubro e novembro/2015, devido a tramitação interna dos processos, que foram encaminhados para a SES no mês de dezembro quando o orçamento 2015 já estava fechado.
· Os processos de pagamentos referentes ao mês de novembro/2015 já estão em procedimento de empenho, liquidação e pagamento.
· A SES aguarda o envio das notas com a relação do serviço prestado do mês de dezembro/2015, para efetivar o pagamento dos valores devidos.
· Os pagamentos referentes aos meses de agosto, setembro e outubro de alguns médicos prestadores estão aguardando análise da auditoria do SUS, devido a inconformidades administrativas.
Em relação ao atendimento das gestantes a SES informa que:
· A direção do Hospital Regional Colíder está realizando as transferências das pacientes para os demais hospitais da região conforme a necessidade de atendimento de cada uma.
· Com a reestruturação da UTI neonatal do Hospital, finalizada no mês de novembro/2015, a SES trabalha agora para regularizar a parte de recursos humanos e contratar médicos especializados para trabalhar no setor.
· Está trabalhando também para restabelecer o serviço de pediatria, ginecologia e obstetrícia para que voltem a funcionar em sua plenitude o mais breve possível.