O francês André Courrèges, um dos principais nomes da moda na década de 1960, morreu aos 92 anos. O estilista, que se ficou conhecido por defender um estilo futurista, entrou para a história como um dos criadores da minissaia.
A década de 1960 foi marcada por grandes transformações em todo o mundo. Enquanto o homem concretizava sua conquista do espaço, na Terra, os jovens ganhavam força nas ruas, sendo reconhecidos pela sociedade como atores políticos, mas também como consumidores. A moda, que não poderia ignorar esse fenômeno, entrou na onda, tendo como um de seus principais representantes o estilista André Courrèges.
O francês, que morreu na quinta-feira (7) em Paris, após uma batalha de 30 anos contra o Mal de Parkinson, foi um dos primeiros a entender que as roupas não deveriam ser feitas pensando apenas nas senhoras da alta sociedade. O engenheiro de formação soube como poucos capturar os desejos de uma nova geração cada vez mais influente. Filho de um mordomo, ele bifurcou para a moda logo após a Segunda Guerra Mundial, quando passou pela escola da Câmara Sindical da Alta-Costura de Paris, antes de trabalhar, durante dez anos, ao lado do espanhol Balenciaga.
Botas brancas e muito vinil nas passarelas
Foi atuando junto ao mestre da moda arquitetônica que Courrèges aprendeu a importância das formas ousadas e inovadoras. No entanto, mesmo se essa experiência o influenciou muito, ao fundar sua própria marca, em 1961, a principal fonte de inspiração veio do espaço. As linhas puras dos vestidos curtos com detalhes em vinil, apresentados com botas brancas e sem salto deram, desde as primeiras coleções, o toque de futurismo que marcou sua moda. Os desfiles teatrais, com modelos fazendo poses inusitadas, completavam a performance, que se tornou um de suas marcas registradas.
A estética do estilista chocou as clientes tradicionais da alta-costura, mas conquistou rapidamente as jovens, ainda mais quando ele começou a propor vestidos cada vez mais curtos. E ainda que a britânica Mary Quant seja reconhecida pelos historiadores como a inventora da minissaia, o francês foi o primeiro a impor a peça na alta-costura .
Marca voltou a desfilar em 2015
O estilista se aposentou em 1994, passando a se dedicar à pintura e à escultura e deixando sua esposa, Coqueline, à frente dos negócios. Apesar de manter sua imponente loja totalmente branca na rua François 1er, um dos principais endereços do luxo parisiense, a marca Courrèges estava praticamente adormecida nos últimos anos. Os vestidos trapézio e as botas de borracha inspiradas na ficção científica, que embalaram sua época áurea, não evoluíram e, assim como Pierre Cardin, o nome vivia graças às licenças de produtos derivados pelo mundo afora.
Graças a um renascimento orquestrado pelos publicitários Jacques Bungert e Frédéric Torloting, que compraram a grife em 2011, a marca voltou a desfilar em setembro de 2015, após anos longe das passarelas. O comeback foi pilotado por Arnaud Vaillant e Sébastien Meyer, dupla de estilistas contratada para dar o tom da “nova” Courrèges, uma das poucas marcas independentes do setor, que já despertou o interesse de gigantes do luxo, como os grupos LVMH e Kering.