O que aconteceria se uma tempestade solar gigantesca atingisse a Terra?

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Todos sabemos que tempestades podem causar inundações e danos à infraestruturas. Mas existe um perigo muito maior do que a chuva ou o vento: as intempéries espaciais. Se o planeta fosse atingido por uma tempestade solar gigantesca, nossa tecnologia seria completamente destruída e o planeta mergulharia na escuridão.

“Dependemos da tecnologia, que por sua vez é vulnerável ao clima espacial”, disse Thomas Berger, diretor do Centro de Previsão do Clima Espacial da Administração Atmosférica e Oceânica Nacional (ou NOAA, sigla para National Oceanic and Atmospheric Administration) dos EUA. Ele disse ao Gizmodo que “se nós fôssemos atingidos por uma tempestade de grande escala, seria bem difícil nos reerguer.”

“Tempestade solar” é um termo genérico para descrever uma série de coisas que o Sol envia para a Terra, entre elas raios-x, partículas carregadas e plasma magnetizado. A última grande tempestade solar atingiu a Terra na metade do século 19, mas os cientistas especializados em clima espacial temem que outra tempestade esteja por vir.

Uma tempestade solar costuma começar com algumas explosões solares — estouros gigantes na superfície do sol que liberam energia e partículas no espaço. Explosões pequenas de classe C acontecem o tempo todo e são fracas demais para afetar a Terra, e explosões médias classe M podem gerar algumas falhas nas ondas de rádio. Já as explosões classe X, as maiores explosões existentes no sistema solar, podem liberar o equivalente à energia de um bilhão de bombas de hidrogênio. Essas erupções acontecem raramente, mas quando elas acontecem, geram um espetáculo de proporções épicas.

Uma das explosões solares mais poderosas já mensurada com instrumentos modernos ocorreu durante um pico de atividade solar em 2003. A explosão era tão grande que chegou a sobrecarregar os sensores dos satélites, que registraram um nível X-28 (28 vezes maior do que uma explosão X-1, que por sua vez é 10 vezes maior do que uma explosão M1). Vejam o tamanho da explosão:

Apesar das explosões serem observadas há mais de um século, os cientistas ainda não conhecem sua causa. Tudo que sabemos é que essas explosões estão ligadas às disrupções no poderoso campo magnético do Sol, que oscila ao longo dos ciclos solares, cuja duração média é de 11 anos.

“Tempestades solares surgem a partir de forças magnéticas que explodem na superfície do Sol”, explica o especialista em clima espacial Joe Gurman, que falou com o Gizmodo do Centro Espacial Goddard da NASA. “Nós chamamos essas áreas de regiões ativas, ou manchas solares. Quando essas manchas ficam grandes e assustadoras, sabemos que o campo magnético está mudando rapidamente. Essas mudanças no campo magnético parecem ser a causa — ou uma das causas — da atividade solar.”

Uma explosão média ou grande mandaria ondas de radiação de alta energia — raios x e luz ultravioleta — diretamente para a Terra. Esse tipo de radiação é poderosa o suficiente para arrancar elétrons de átomos. E é exatamente isso que elas começam a fazer quando atingem a camada superior da nossa atmosfera, conhecida como ionosfera. Em poucas palavras, o céu é atingido por um pulso eletromagnético gigantesco. Mas de acordo com Berger, mesmo as maiores explosões solares não causam muitos danos aos seres humanos.

“Esse pulso eletromagnético atinge a ionosfera, se expandindo a partir daí”, disse Berger. “Mas as explosões solares não causam muitos danos à tecnologia.”

Com exceção do rádio. Quando a atmosfera fica muito carregada, os sinais de rádio entre a Terra e os satélites são bloqueados.

“As radiocomunicações podem ser afetadas”, acrescentou Berger. “As ondas trans-horizonte também sofrem danos. Quando os aviões estão voando entre os pólos, a única forma de se comunicar com os centros de controle é através de ondas de rádio de alta frequência que quicam entre os continentes. Mas essas explosões só atrapalham essas tecnologias por alguns minutos, no máximo algumas horas.”

1397170799631170117© Fornecido por Gizmodo 1397170799631170117

Nós não temos nenhuma forma de prever explosões solares; elas atingem a Terra rápido demais para que o NOAA avise as companhias aéreas antecipadamente (a luz do sol demora cerca de oito minutos para chegar até nós).

“A única coisa que podemos fazer é emitir um alerta quando vemos alguma explosão”, disse Berger. “As companhias aéreas se preocupam muito com os efeitos dessas explosões nas comunicações de alta frequência, e quando uma explosão muito grande acontece, elas chegam a cancelar alguns voos.”

A menos que você trabalhe numa empresa aérea, não é preciso se preocupar muito com essas explosões. Mesmo assim, não se esqueça de dar uma olhada nas imagens incríveis doObservatório de Dinâmicas Solares.

Fontes: NOAA Space Weather Prediction CenterNASA Solar Dynamics Observatory, “Solar Flares: What does it take to be X-Class?”, “Observations of an extreme storm in interplanetary space caused by successive coronal mass ejections”“A massive solar eruptive event in July 2012: Defining extreme space weather scenarios”“Severe space weather events: Understanding the societal and economic impacts”


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