A Prefeitura de Barra do Garças, comandada pelo prefeito Roberto Angelo Farias, o Beto Farias (PSD), é um dos 19 locais, alvos de busca e apreensão por parte do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) que deflagrou nesta quinta-feira (3) uma operação batizada como “Caça Fantasmas”. O objetivo é apreender documentos que devem comprovar a existência de diversos servidores “fantasmas” que recebem sem trabalhar e alguns, inclusive, moram em outros municípios.
Conforme o Ministério Público, são 20 mandados de busca e apreensão que estão sendo cumpridos, inclusive no gabinete do prefeito Beto Farias e em algumas secretarias. Não há mandados de prisões.
Foram constatadas 2 situações que confirmam as irregularidades que respingam no prefeito e também na Câmara de Vereadores de Barra do Garças. Em uma delas, as investigações apontam que existem servidores que moram em outras cidades, mas constam na folha de pagamento do município.
Em outra, constatou-se que alguns vereadores indicavam “apadrinhados políticos” para ocupar cargos em secretarias municipais bem como na Prefeitura do Município e eram obrigados a repartir o salário. Ou seja, recebiam o valor combinado, mas tinham que repassar uma parte aos vereadores que indicaram os servidores para as funções.
Na prática, significa dizer que era uma espécie de “moeda de troca” entre o Executivo e os parlamentares para que o prefeito tivesse o apoio dos parlamentares na aprovação de matérias do seu interesse.
durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão serão recolhidos documentos que subsidiarão a investigação. Também estão sendo confirmados “in loco” se os referidos servidores estão cumprindo a carga horária. Existem, inclusive, servidores que constam na folha salarial, mas trabalham em Cuiabá.
Outro lado
Por meio de nota, a prefeitura de Barra do Garças criticou a operação e atacou o Ministerio Público afirmando que o órgão está perseguindo o prefeito Beto Farias. Taxou como “pirotecnia” a operação do Gaeco e disse que a medida era desnecessária, uma vez que os nomes de todos os funcionários e seus salários são publicados no portal transparência, acessível a qualquer cidadão. Afirmou ainda estar à disposição do Ministério Público para prestar os devidos esclarecimentos.
“Portanto é desnecessária essa ‘pirotecnia’ que tem como objetivo atrair os holofotes, característicos deste tipo de operação, pois a relação dos servidores se encontram também no departamento de recursos humanos ou pode ser ainda solicitada pelo SIC (Serviço de Informação ao Cidadão). Quanto a denúncia de funcionários fantasmas, a administração é a mais interessada na investigação para identificá-los (se houverem), pois não compactua com este tipo de prática”, diz trecho da nota.
Lamentou uma suposta perseguição do MPE contra o prefeito Roberto Farias para, a todo custo, atrapalhar o andamento da atual gestão sem medir consequências. “Vale ressaltar que todos os documentos estão à disposição do MP sem a necessidade deste ‘estardalhaço’ e o que se espera é a apuração dos fatos o mais rápido possível”, consta em outro trecho do comunicado.