Ex-presidente da extinta Agência da Copa (Agecopa), Yênes Jesus de Magalhães foi ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI da Copa em andamento na Assembleia Legislativa de Mato Grosso) e não hesitou ao responder a jornalistas que houve sim “má-fé” por parte do governo do Estado sob a gestão Silval Barbosa (PMDB) na decisão de trocar a escolha do novo modal de transporte público a ser implantado em Cuiabá e Várzea Grande. Antes, seria o BRT (Bus Rápid Transit) que de forma inesperada foi substituído pelo Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) numa decisão polêmica e controversa.
Questionado se houve má-fé ele respondeu: “Sem dúvida alguma, porque tinha uma decisão tomada pelo governo e pelas Prefeituras e tinha um projeto pronto. Quando trocou o projeto eu disse que estava trocando por um sonho”, afirmou ao lembrar que depois de 4 anos o juiz federal Ciro José de Andrade Arapiraca veio determinar que a empresa apresentasse projeto “porque na verdade há 4 anos atrás a gente estava certo não existia projeto e continua não existindo até hoje”, enfatizou. Ouça a entrevista.
Sem citar nomes, ele disse que a má-fé partiu de todas as pessoas envolvidas na época, do governo do Estado. “Tinham várias pessoas que queriam.Talvez queriam o melhor, mas não é só decisão política, você está lidando com a vida das pessoas e existe o lado técnico também. Quando falo que tem que ser de 15 mil passageiros por hora, Cuiabá não tem 8 mil passageiros, quer dizer até implanta, mas alguém tem que pagar essa diferença no custo da tarifa e não passar ela pra população”.
Sobre o custo de operação que reflete diretamente no valor da tarifa paga pelo usuáiro ele reconhece que se fosse o BRT o custo também seria elevado para a realidade de Cuiabá e Várzea Grande. Mas diz seria lançada uma licitação e as empesas de ônibus arcariam com esse custo de operação e não da forma como está sendo colocado. “Quer dizer, que vai pagar isso? Não está claro ninguém fala que isso vai estar na tarifa porque ninguém sabe qual vai ser esse valor da tarifa”
VLT precisa ser concluído
Yênes nem cogita a hipótese de se abandonar a obra no atual estágio, depois de já ter consumido mais de R$ 1 bilhão do total previsto que era de R$ 1,477 bilhão. “Hoje eu vejo que tecnicamente falando não tem outra alternativa, tem que continuar a implantação do VLT e pra isso precisa tomar algumas decisões, fazer o que está sendo feito hoje. Fazer uma grande auditoria não só da licitação, do modal em si, da integração, dos projetos arquitetônicos, projetos civis pra que possa realmente tomar a decisão e passar à população quando fica pronta e qual vai ser o valor”.
CPI da Copa
Presidida pelo deputado Oscar Bezerra (PSB), a CPI da Copa também tomou nesta quarta-feira o depoimento do analista de infraestrutura do Ministério das Cidades, Higor de Oliveira Guerra. Ele foi o responsável pela elaboração de um laudo técnico que atestava inviabilidade de implantação do VLT em Cuiabá e Várzea Grande, documento que posteriormente teria sido fraudado para alterar seu resultado. Também foi ouvido o ex-diretor de Infraestrutura da Agecopa, Carlos Brito.