O BNDES vem apoiando silenciosamente as empresas controladas por muitos dos bilionários brasileiros.
Mais de duas dúzias das pessoas mais ricas do país têm participações em empresas que receberam empréstimos ou investimentos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, sendo que a maioria das firmas que tomaram empréstimos contou com taxas abaixo do mercado pelo menos uma vez. Isso inclui a maior parte dos brasileiros que compõem o Bloomberg Billionaires Index.
Detalhes de alguns empréstimos do banco — R$ 320 bilhões (US$ 102 bilhões) no Brasil desde 2012, além de US$ 11,9 bilhões para empréstimos no exterior desde 2007 — foram divulgados na semana passada, em meio à crescente pressão para que a instituição abra suas contas.
Os laços financeiros do banco com as grandes empresas do Brasil, muitas delas doadoras frequentes de campanhas eleitorais, está colocando a presidente Dilma Rousseff e o Supremo Tribunal Federal, a corte máxima do país, em lados opostos do debate. O Supremo está pedindo uma maior transparência e Dilma vetou uma proposta para acabar com as regras de sigilo bancário que ocultam os negócios do BNDES.
“Os subsídios do BNDES para grandes grupos não necessariamente levaram a um investimento ou desempenho maior nos últimos anos”, disse Sergio Lazzarini, professor da Faculdade de Negócios Insper, de São Paulo, e coautor de um livro sobre o banco de desenvolvimento. “Ao expor dados de nível empresarial, o BNDES agora terá que justificar melhor por que o banco financiou uma empresa em particular e a que custo”.