O governo federal e caminhoneiros não chegaram a um acordo nesta quarta-feira sobre o pedido da categoria para tabelamento do preço do frete, e representantes dos motoristas anunciaram uma nova paralisação a partir de zero hora de quinta-feira.
“O Brasil vai parar”, gritaram em coro os caminhoneiros, após reunião na sede da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Protestos de caminhoneiros em fevereiro e início de março paralisaram dezenas de rodovias, afetando exportações brasileiras e a movimentação de cargas no país, com reflexos negativos para a economia.
Uma greve no momento poderia ser ainda mais danosa ao país, uma vez que o Brasil está apenas no início dos embarques de uma safra recorde de soja, o principal produto brasileiro de exportação em março.
“Os representantes do governo disseram que há empecilhos jurídicos para uma tabela impositiva (de frete), e a categoria não quer uma tabela apenas referencial”, disse o representante dos caminhoneiros autônomos do Centro-Oeste, Gilson Baitaca.
Os ministros da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, e o dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, participaram da reunião representando o governo.
As indústrias que contratam frete, especialmente aquelas que trabalham com produtos agrícolas, são contrárias a um tabelamento e sugeriram a criação de uma bolsa de fretes para dar transparência ao setor.
As empresas que precisam transportar cargas defendem que o tabelamento de fretes, além de ser inconstitucional, contraria a livre concorrência e a livre iniciativa, e poderia elevar a inflação.
Os protestos anteriores geraram prejuízo de cerca de 700 milhões de reais para a indústria de carnes de aves e suínos, com os bloqueios de rodovias paralisando abates e afetando o transporte de insumos e produtos.
Os caminhoneiros suspenderam as manifestações no início de março após o governo anunciar uma série de medidas, como a aprovação sem vetos da Lei do Caminhoneiro, que reduziu custos em rodovias com pedágios, por exemplo.
Além disso, o governo efetuou pesadas multas contra os caminhoneiros, levando muitos a desmobilizarem os protestos.
Representantes dos agricultores de Mato Grosso, uma das regiões mais afetadas pelos protestos, acreditam que a nova greve não será tão intensa como foi a anterior.
“Não acredito que eles consigam, ao menos de imediato, paralisar novamente na intensidade que estavam. A comunicação entre eles está muito divergente para paralisarem novamente” Antônio Galvan, presidente do Sindicato Rural de Sinop, no norte de Mato Grosso.
(Por Leonardo Goy; Com reportagem adicional de Gustavo Bonato)