Renan Marce/GD
(Atualizada às 16: 54h) Poucos dias após ver seu nome ressurgir no cenário político, como possível candidato do PMDB nas eleições municipais de 2016 em Cuiabá, o ex-juiz federal Julier Sebastião da Silva foi denunciado pelo Ministério Publico Federal (MPF) em uma ação penal, acusado de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Também é alvo da ação, proposta em 30 de janeiro deste ano, o empresário Osvaldo Alves Cabral. A denúncia foi acatada pelo juiz federal Jefferson Schneider em documento assinado no dia 29 do mesmo mês. Dessa forma, o ex-juiz que atuou em casos emblemáticos, como o “Escândalo dos Maquinários”, se torna réu por corrupção.
Segundo as investigações do MPF e da Polícia Federal, um conluio de empresa do ramo da construção civil, com interesses em contratos com o Governo do Estado, e pessoas físicas influenciou decisões judiciais de Julier. O magistrado foi titular na 1ª Vara da Justiça Federal de Mato Grosso até abril de 2014, quando pediu exoneração para tentar ser candidato ao governo do Estado, plano frustrado pelas articulações partidárias na época.
Conforme assessoria, ficou comprovado pelo monitoramento telefônico, quebra de sigilo bancário, busca e apreensão, colheita e análise de informações e oitiva de pessoas que Julier atuou em processos de interesse do grupo empresarial representado por Cabral, apontado como lobista na área da construção civil. O ex-magistrado, em troca, recebia uma mesada e tinha as despesas de seu projeto político pagas pelas empresas.
“A investigação demonstrou que a relação entre o empresário Osvaldo Cabral e Julier Sebastião da Silva vai muito além da alegada amizade entre ambos. O empresário era um dos principais articuladores políticos de Julier, sendo também um homem de confiança que arcava com diversas despesas do magistrado, além de transferir mensalmente dinheiro a ele, emprestar veículo de luxo em troca de ‘favores judiciais’”, diz trecho da nota do MPF.
Na ação, o MPF afirma que não recrimina a pretensão de qualquer cidadão de almejar o ingresso na vida política e lembra que no caso dos juízes existe a possibilidade de desligamento definitivo da magistratura para participar das eleições. “O grande problema reside na forma como esta pretensão política se materializa e na disposição em deliberadamente misturar interesses políticos e privados em afronta à probidade administrativa valendo-se do cargo de juiz federal para ceder favores a interesses de grupos econômicos e políticos, visando a facilitar e viabilizar o seu ingresso na carreira política”, afirmam os procuradores da República que assinam a ação.
(Com Assessoria do MPF)