17 policiais mortos em 2014

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Lisânia Ghisi/GD


Levantamento da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) aponta que 17 policiais civis e militares morreram em 2014. Deste total, 11 óbitos aconteceram enquanto os profissionais estavam fora do horário de trabalho. Quatorze vítimas eram militares e três civis. Em 2013, foram 16 óbitos.

Para o professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Naldson Ramos, as mortes de policiais fora
do ambiente de serviço são consequências de dois fatores. O primeiro é que o profissional não tem a retaguarda de outros policiais para auxiliar no momento do crime e o outro fator é a sensação de surpresa
imposta pelo criminoso. “Uma pessoa envolvida no mundo no crime que pretende assaltar um lugar, por exemplo, não tem a intenção de imobilizar a pessoa que faz a segurança do local. 

A ideia é mesmo eliminá-la para alcançar o objetivo, como também para não dar oportunidade desta pessoa reagir”. Em relação aos fatores que levam os policiais a aceitarem serviços além da demanda da Segurança Pública está tanto o baixo salário, como também a “certeza” de que algo jamais irá acontecer.

“Muitos acreditam que quando situações de perigo forem registradas, vão conseguir reagir primeiro que o
criminoso. O baixo salário e a dificuldade de ascensão na carreira também figuram como motivos para ter uma . Também pode-se afirmar que o esquema de plantão, aquele em que o policial trabalha 24 horas e folga 48 horas, é um estimulo para que o agente tenha um emprego de ‘bico’”.

Para Ramos, a existência de sindicatos e associações é uma forma de modificar a realidade dos profissionais. Segundo ele, uma luta por salário digno e demais melhorias para a carreira, por exemplo,
deve sempre ser organizada por estas instituições. Outro ponto, destacado pelo sociólogo, é a própria consciência do profissional. “Antes de tudo, o policial precisa ter consciência e não por sua vida em risco por conta de um bico, que as vezes gira em torno de R$ 700”.

Presidente da Associação dos Sargentos, Subtenentes e Oficiais Administrativos da PM e Corpo de Bombeiros, sargento Luciano Esteves Correa Costa, afirma que a penalidade aplicada às pessoas que cometem crimes contra policiais deveria ser tratada de forma diferenciada. Para ele, a pena destas
pessoas deveria ter algum agravante.

“Quem sabe, dessa forma, os crimes contra policiais diminuiriam e os criminosos pensariam duas vezes antes de ferir aqueles que representam o Estado. A nossa profissão nos limita de determinadas coisas, de frequentar locais. A vida de uma pessoa que se torna policial se modifica a partir do momento que
esta ingressa na carreira”.

OUTRO LADO – De acordo com nota divulgada pela Polícia Militar, por meio da assessoria de imprensa, o salário pago aos militares de Mato Grosso é regido por tabela regulamentada pela lei 10.076. Em relação a programas de proteção, a informação é de que os agentes que ingressam na carreira militar têm consciência da profissão escolhida. Sobre concurso público, a assessoria da Sesp informa que não há previsão para novo certame. Sobre a jornada desenvolvida pelos profissionais, o órgão argumenta que atualmente no
Estado é desenvolvida a chamada “jornada voluntária”. A Sesp ainda afirma que o policial que se sentir ameaçado pode acionar o serviço “Contra-Inteligência de Segurança Orgânica”, e que o caso será monitorado. 

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