Focalização sensorial
A filosofia é simples, se queremos voltar a sentir como um adolescente, o que deveremos fazer é nos comportar como tal. Essa terapia propõe encontros que não sejam focados na penetração e que centrem-se mais nas carícias e na exploração dos corpos. Como não é preciso chegar ao orgasmo, não existem pressões nem desafios, tudo é um jogo que pouco a pouco irá avançando por suas diferente fases até voltar às relações convencionais e ao coito.
Cedo ou tarde, chega um momento em nossas estressadas vidas que devemos parar e reaprender as coisas mais simples, que provavelmente pensávamos que já vinham de fábrica, gravadas no hardware, na pasta Instinto. Estou me referindo a respirar, comer, descansar e, obviamente, fazer sexo. A experiência ou a desinibição, sempre bem-vindas em matéria sexual, podem também trazer consigo um certo mecanicismo, uma simplicidade, um querer pegar o atalho para chegar antes ao local de destino, o que nos faz focalizar na meta e não no trajeto; quando todos sabemos que o melhor das viagens é prepará-las, vivê-las e saboreá-las a cada momento, e não somente quando chegamos no topo do Everest ou em Picadilly Circus.
Levando em conta que a falta de desejo é um dos problemas sexuais mais comuns em mulheres – os homens também começam a aumentar esse seleto clube – e os transtornos da ejaculação os que mais atormentam o gênero masculino, a focalização sensorial se coloca como a terapia mais eficaz para nos devolver a ilusão pelo sexo. Não há nada como um bom regime para nos abrir novamente o apetite. Após um tempo de dieta sexual, se a pessoa não se transformar em um zumbi, seremos candidatos a ser contratados por Lars Von Trier para protagonizar a terceira parte de Ninfomaníaca.
Heart hunting sentimental
Saídas noturnas, redes de contato, , encontros às cegas, speed dating, cook dating… É curioso como quanto mais formas para se encontrar um parceiro são inventadas, menor os resultados obtidos, além de uma grande perda de tempo e dinheiro. Agora, a novidade para encontrar o príncipe encantado é a mais antiga, recorrer aos trabalhos de uma alcoviteira, com a diferença que ela se atualiza diariamente e utiliza as técnicas doshead hunters para descobrir talentos na área profissional. A Alcanda Matchmaking é a primeira empresa de head hunting sentimental na Espanha, e a que introduziu o termomatchmaking, segundo o site “um serviço personalizado, profissional, exclusivo, privado e confidencial para pessoas exigentes que desejam encontrar um parceiro estável”. Algo que se popularizou nos EUA graças à decepção produzida pelas redes de contatos. Para encontrar sua tampa da panela essa empresa cobra 3.500 euros (11.310 reais), com garantia para seis meses, prorrogáveis para outros seis; ao longo dos quais apresentam candidatos, além de dar uma assessoria de coach para o cliente durante o processo. “E a magia, onde fica?”, muitos se perguntam. Em parte na capacidade intuitiva, que o matchmaker também deverá ter, profissional especializado na criação de casais, e depois no corpo a corpo e noscampos de batalha. Ninguém pode lutar essa luta por nós.
Pornoativistas
A recente emenda na lei que regula a pornografia no Reino Unido e que proíbe certas práticas, geralmente aquelas nas quais a mulher tem um papel dominante, já provocou mais de uma manifestação contra ela da parte de ativistas, performances e realizadores de pornô. Eles entendem que as novas regras aplicadas à pornografia paga de vídeos na Internet – vendidos como BBFC R18, ou seja, para maiores de 18 anos – são uma forma de censura para sexualidades mais diferentes. Por que a ejaculação masculina sobre uma pessoa é aceitável e a feminina não? Por que essa última só é possível se é breve – menos de um minuto, – se não é realizada sobre ninguém e com a presença única de um casal? Onde está escrito que ingerir sêmen é aceitável e, entretanto, fluidos femininos não? A filosofia sexista dessas novas regras propiciou a aparição de figuras femininas contrárias a essas restrições, como Diana J. Torres, escritora de Pornoterrorismo (Txalaparta), ou Itziar Bilbao Urrutia, uma dominatrix de Bilbao que mora em Londres e que já ganhou um processo por seus vídeos pornô nos tribunais no começo do segundo semestre de 2014. Já existe uma organização de defesa da liberdade de expressão sexual e pornografia extrema, que opera na capital inglesa. Muitos veem nessas restrições uma nova forma de restringir as liberdades mais fundamentais. “O pornô é o canário na mina de carvão”, declarou Itziar em um artigo do EL PAÍS. Imaginam que a chama da revolução seja acesa por conta do cinema X?
Retiros sexuais
No ano passado foi aberto, no Reino Unido, o Shh, um spa ou acampamento sexual de luxo, exclusivo para mulheres, para passar retiros de quatro a sete dias para “desbloquear a sensualidade e conectar-se de novo com a feminilidade”. Aquelas que perderam o interesse pelo sexo, as que após anos de seca querem retomar a atividade erótica ou as que estão com os instintos mais primários bloqueados pelo estresse, poderão ser algumas das potenciais clientes dessa empresa. Mas todas deverão ter, se não a sexualidade, pelo menos suas contas correntes em dia, já que uma semana custa por volta de 7.000 euros (24.240 reais). Sessões matinais de qi gong, técnicas de respiração, massagens e acupuntura são algumas das atividades realizadas. Tudo com a finalidade, segundo o site, de “devolver a sensualidade, feminilidade, sexualidade, confiança e autoestima, para viver plenamente o potencial sensual”.
A tendência eco, após se infiltrar em todos os âmbitos da vida, chega também à cama pois existe um sexo respeitoso com o meio ambiente
Os lugares onde são realizadas essas atualizações são enclaves de luxo, mas sua localização é secreta – no modo das orgias –. Sabe-se somente que o Shh conta com uma casa de estilo georgiano em Dorset, Inglaterra, outra em Ibiza, um lugar em Londres e que para 2015 planeja seu desembarque nos EUA.
Se levarmos em conta que já existem férias para procriar – a agência de viagens Spies Travel lançou em 2014, na Dinamarca, um pacote turístico batizado de Ovulação, para casais com intenções de reproduzir –, podemos deduzir que o sexo está começando a deixar de ser algo cotidiano para transformar-se em uma atividade extraordinária, o que pode ter duas leituras: transamos menos ou o fazemos tão bem que buscamos um momento e lugar adequados para o evento, que como dizia Enrique Iglesias, é quase uma experiência religiosa.
Eco orgasmos
As perguntas para muitos na hora de paquerar não são se você estuda ou trabalha, mas se é vegetariano, recicla seu lixo, se usa o carro ou transporte público e se a Monsanto – a multinacional de transgênicos que se diz uma ONG para acabar com a fome no mundo – é para você o inimigo público número um. A tendência eco, após se infiltrar em todos os âmbitos da vida, chega também à cama pois existe um sexo respeitoso com o meio ambiente e como o Greenpeace nos disse em uma ocasião, sobre a sexualidade verde, “é possível ser uma máquina sexual sem contribuir para que o planeta entre em colapso”. Entre as máximas dessa associação para cultivar o eco sex estão tomar banho juntos para economizar água e o resto; apagar as luzes ou utilizar velas; consumir lubrificantes com base de água e sem derivados do petróleo e até mesmo; se você for aficionado nospanking, comprar pallets de madeira certificada, proveniente de bosques sustentáveis. Ou seja, não é preciso ter piedade ou consideração com o açoitado/a, mas sim, certamente, com os bosques.
A chegada dos emoticons eróticos ou os Flirtmoji – o nome dessa coleção – seguramente terá consequências muito mais transcendentes do que muita gente pensa
Essa tendência chegou também aos brinquedos eróticos, que devem ser sem PVC. É preciso escolher bem as marcas – Lelo, Fun Factory, Je Joue e Tenga são as mais confiáveis – e os radicais optam até mesmo por consolos de pedra – os quais, sem dúvida, eram utilizados por Vilma Flintstone –, cristal e, por que não, voltar para o ainda mais rupestre costume de utilizar as hortaliças e verduras. O Other Nature, em Berlim, é um dos primeiros sex shops ecológicos, que oferecem óleos de massagem totalmente orgânicos, preservativos de látex 100% natural ou chicotes de couro vegano, fabricados com imitação de pele de animal, a partir de câmaras de bicicleta.
O sexting se reinventa
A chegada dos emoticons eróticos ou os Flirtmoji – o nome dessa coleção – seguramente terá consequências muito mais transcendentes do que muita gente pensa. Para começar, será criada uma nova linguagem sexual que deveremos aprender a utilizar e decifrar. Acabamos, como se diz, de nos familiarizar com os novos termos para designar as práticas sexuais de toda uma vida, para assim parecerem mais cool e nós, mais modernos. Quando surgem do nada esses criativos ícones, que vêm sem dicionário ou manual de instruções. Alguns podem ser facilmente decifráveis: uma bandeira gay, duas esposas, um preservativo, um filme pornô, um chicote ou um short esportivo excitado. O problema é que depois aparecem outros, mais ambíguos: coelhos copulando (será que significa que a pessoa gosta dos documentários sobre natureza, que quer fazer sexo ou quer fazê-lo tão rápido como um coelho?); um cachorro-quente (1. Estou excitado, 2. Quero uma salsicha, 3.Gostaria de fazer sexo oral?); uma boneca inflável (1. Você se mexe menos do que uma, 2.Essa noite não venho, ficarei em casa com minha garota de plástico. 3.Hoje quero que tenha um papel passivo e que seja eu a fazer tudo?). Mas se isso é complicado, esperem o grupo de “livre interpretação” no qual encontramos a cabeça de um lobo uivando, duas melancias, um lustre luminoso de discoteca, uma mão com o símbolo da vitória e dois dedos ensanguentados ou um peito rodeado pelo anel de Saturno, entre outras mensagens.
A imaginação no poder pode causar, nesse caso, mal-entendidos com consequências graves. Na espera da publicação do dicionário Emoticons Eróticos, o mais recomendável é prudência e uma boa visão ou, se não for o caso, óculos de grau. Eu mesmo confundi, no começo, a merda do WhatsApp com um bolinho de chocolate. Mais não lhes digo.