Bruna Pinheiro/ A Gazeta
Auditorias técnicas concluídas em quatro obras do pacote de mobilidade urbana em Cuiabá e Várzea Grande apontam defeitos de construção que precisam passar por readequações. Entre as principais razões apontadas estaria a pressa na conclusão dos projetos, o que teria levado a falhas durante a execução.
Contratado desde setembro, o Laboratório de Sistemas Estruturais (LSE) já avaliou os projetos da ponte Júlio Müller e as trincheiras Ciríaco Cândia/Mario Andreazza, Jurumirim/Trabalhadores e Santa Rosa e entrega ainda esta semana os laudos de mais duas obras. Um dos projetos mais preocupantes, o Viaduto Jamil Boutros Nadaf (Sefaz), na Capital, será o último a ser avaliado. Isto porque até o momento o projeto de readequação da obra, interditada em agosto deste ano, não foi apresentado pelo Consórcio VLT.
Seguindo a recomendação do Tribunal de Contas do Estado (TCE/MT), a Secopa contratou LSE Engenharia para auditar 13 obras do pacote de mobilidade urbana concluídas e em andamento. Pelo serviço, a empresa deve receber R$ 2,7 milhões até o dia 18 de dezembro, quando encerra-se o contrato.
De acordo com o proprietário da LSE e responsável pelas auditorias, Pedro Afonso de Oliveira Almeida, de maneira geral, nas quatro obras já avaliadas foram encontradas falhas de projeto. Segundo ele, apesar desses defeitos, as obras não teriam sido prejudicadas.
“Foram encontradas algumas diferenças de um sistema para o outro e defeitos nas construções. Porém, nenhum erro grosseiro que comprometa a segurança dos usuários foi identificado. São correções que precisam ser realizadas para garantir a vida útil dos projetos”.
Almeida aponta, como algumas destas correções, a instalação de drenos e adequações nas trincheiras. Além disso, ele também fala sobre um programa de manutenção para que essas e futuras irregularidades sejam corrigidas a tempo. “O programa prevê que a cada dois anos a obra seja inspeciona e se encontrado algum defeito, que ele seja corrigido. Ele deve ser montado e obedecido segundo o cronograma estabelecido”.
Para ele, as interferências inerentes às construções e a aceleração para entrega das obras podem ter contribuído com os defeitos já encontrados nos projetos. O engenheiro ressalta ainda a baixa qualidade no corpo de pedreiros que executou as obras, não só em Mato Grosso, como no país inteiro.
“As empresas tinham aquilo de ‘eu só recebo depois de fazer’ e por muitas vezes, a pressa em concluir a obra, leva a erros. O Brasil não passava por grandes construções há muito tempo. Tanto que dessas obras da Copa, quase todas as cidades apresentaram problemas. Enfrentamos muitas dificuldades para encontrar boa mão de obra”.
Realizada por três equipes em três cidades distintas, a auditoria analisa criteriosamente cada detalhe dos projetos executados em Cuiabá e Várzea Grande. Na última semana, os técnicos e engenheiros estiveram na trincheira do Verdão e no Viaduto da MT-040, na avenida Fernando Corrêa da Costa, na Capital.
Enquanto a trincheira passa por atividades complementares como acabamento e instalação de drenos, calçamento e sinalização para ser concluída, o viaduto foi cenário de um grave acidente na madrugada do dia 26 de novembro. Envolvendo cinco veículos, a colisão resultou na morte de dois motoristas, além de deixar outros três ainda em estado grave de saúde.