Aeroporto de MT é o 2º pior do Brasil

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Silvana Bazani, repórter de A Gazeta


 Principal terminal aeroportuário de Mato Grosso, o aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, é o 2º pior do país na opinião dos passageiros. O índice de satisfação dos usuários foi aferido em pesquisa realizada pela Secretaria de Aviação Civil (SAC) entre os meses de julho a setembro de 2014. Numa escala de 1 a 5 pontos, o terminal recebeu 3,64 e ficou “acima” apenas do aeroporto de Guarulhos (SP), classificado com o pior do país ao atingir o índice de 3,46 pontos no período avaliado.

Quinze aeroportos foram pesquisados, conforme aponta o Relatório de Desempenho Operacional dos Aeroportos, publicado pela SAC nesta segunda-feira (3).

Desde o 3º trimestre de 2013, quando a pesquisa foi iniciada, a satisfação geral dos passageiros com o aeroporto várzea-grandense melhorou em 0,25 ponto percentual, sendo que na época o índice médio atribuído pelos usuários foi de 3,39 pontos. Ao todo, os passageiros avaliaram um conjunto de 47 indicadores, dentre os quais o tempo de espera em filas da aduana e da imigração, a limpeza e conforto do terminal de passageiros e a quantidade de assentos e de banheiros, por exemplo.Também foram pesquisados indicadores de responsabilidade das companhias aéreas, como tempo de check-in e de embarque e desembarque.

Para a empresária Tânia Kramm da Costa, 37, que passou pelo aeroporto Marechal Rondon 10 vezes este ano, entre embarques e desembarques, a infraestrutura do terminal ainda “deixa a desejar”. “Aumentaram um pouco o aeroporto, mas falta muito ainda para melhorar a comodidade”, opina. “Muitas vezes o ar condicionado não está funcionando, falta água nos banheiros e limpeza melhor”. Outro ponto reclamado por ela é quanto ao trajeto para embarque e desembarque das aeronaves. “Minha última viagem foi há 1 mês e não tinha nenhum ônibus para levar os passageiros até o avião ou as pontes (fingers) funcionando”.

Em todo o país, no item “satisfação geral” do passageiro com o aeroporto, a média dos 15 terminais avaliados foi de 3,9 pontos no 3º trimestre de 2014, contra 3,82 no 3º trimestre de 2013. Isso equivale a um aumento de 7,1 para 7,3 numa escala de zero a 10, segundo a SAC. Dentre os 15 pesquisados, 7 deles cumprem o objetivo proposto pela SAC aos operadores aeroportuários de manter a avaliação acima de 4, o que equivaleria à nota 7,5, registra a Secretaria.

De acordo com o diretor de Gestão Aeroportuária da SAC, Paulo Henrique Possas, a melhora do desempenho na percepção do usuário reflete a entrega de obras de infraestrutura para a Copa do Mundo. “As instalações físicas desses aeroportos melhoraram muito, e isso tem um impacto direto sobre o grau de conforto, que pesa muito na avaliação do passageiro”.

É justamente por isso que o aeroporto Marechal Rondon continua sendo mal avaliado pelos usuários, completa o presidente do Conselho das Entidades do Turismo em Mato Grosso, Jaime Okamura. “O aeroporto inacabado passa uma péssima impressão e a sensação que o usuário tem é de que as obras de reforma estão abandonadas”. Okamura observa ainda que a alta temperatura característica de Mato Grosso já é desagradável para quem chega ao terminal e a situação é piorada com a necessidade de se fazer o trajeto a pé durante o desembarque. “A demora para receber as malas também é outro problema que irrita os passageiros”.

Presidente do Sindicato das Empresas do Turismo de Mato Grosso (Sindetur), Oiran Gutierrez, lembra que a infraestrutura inadequada do principal aeroporto do Estado inibe a expansão da quantidade de voos domésticos e internacionais. “Perdemos recentemente um voo direto para Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, por incompetência das autoridades”, relembra ele. O serviço foi mantido apenas durante 30 dias, para os jogos da Copa do Mundo. Como o atraso na reforma e expansão do terminal e a suspensão do alfandegamento de voos internacionais, a possibilidade de internacionalização do aeroporto Marechal Rondon não se concretizou. “Em Campo Grande, onde o aeroporto é menor, o voo direto para a Bolívia está mantido”, reclama Gutierrez. 

Reforma – A demanda de passageiros no aeroporto Marechal Rondon em Várzea Grande está estimada em 3,3 milhões de pessoas, entre embarques e desembarques, este ano. Segundo a Infraero, com as melhorias concluídas até a Copa do Mundo, a capacidade de atendimento no terminal aeroportuário foi ampliada de 2,5 milhões de passageiros por ano para 5,7 milhões de passageiros/ano. Sendo assim, o aeroporto está em “plenas condições de atendimento”, registra a administradora pública, em nota oficial.

A empresa aeroportuária informou que foram entregues, até maio, duas novas esteiras de bagagem e novos banheiros no desembarque doméstico, além de duas pontes de embarque doméstico, a ampliação do desembarque e a liberação do embarque doméstico no piso superior. Também foram concluídas as obras da sala de embarque doméstico/internacional no piso superior e da área de inspeção de voos internacionais.

Outra intervenção finalizada nesse prazo foi a instalação de esteiras coletoras do check-in e carrosséis de bagagens, de 4 elevadores e de duas escadas rolantes, além da esteira do desembarque internacional.

Quanto aos trabalhos no estacionamento, a Infraero informa que já foram encerrados, com ampliação da área de 9,4 mil metros quadrados para os atuais 13,7 mil (m2). Com isso, o espaço aumentou a capacidade anterior de 306 veículos para 427 automóveis. Acrescenta que foram realizadas melhorias na via de acesso, a duplicação da via em frente ao terminal, melhorias na via de serviço no lado aéreo e a sinalização do pátio de aeronaves. As instalações do Centro de Operações Aeroportuárias (COA) também foram entregues.

O escopo remanescente das obras no aeroporto inclui a instalação de duas pontes de embarque, a operacionalização da sala de embarque internacional e a instalação da 4ª esteira de restituição de bagagem. A conclusão dos trabalhos está prevista para o próximo mês, afirma a Infraero. Até o momento, 75,56% da obra total foram executados.

Indicadores – Dos 47 indicadores de desempenho avaliados nos 15 aeroportos pesquisados pela SAC, 42 itens tiveram melhoria no 3º trimestre de 2014, em comparação com o mesmo período do ano passado. Em Mato Grosso, os indicadores relativos ao tempo médio de espera em fila para check-in, em fila para inspeção de segurança, para embarque e restituição de bagagem nos voos domésticos foram melhor avaliados que no 3º trimestre de 2013. Os indicadores pior avaliados foram o custo do estacionamento, a disponibilidade de tomadas, a quantidade e qualidade de estabelecimentos comerciais, o valor dos produtos comerciais e das lanchonetes e restaurantes e a qualidade da internet (wi-fi).

Nos demais aeroportos, as condições de estacionamento, disponibilidade de meio-fio, transporte público, valor dos produtos comerciais e qualidade das salas VIPs foram os itens que tiveram maior variação positiva de avaliação. O quesito com correlação mais forte com a satisfação geral do passageiro, a limpeza geral do aeroporto, teve melhora em relação a 2013. Dois indicadores não tiveram mudança, sendo eles a disponibilidade e limpeza dos banheiros. Três tiveram piora: qualidade da internet, custo do estacionamento e tempo de fila na imigração. No país, o aeroporto melhor avaliado pelos passageiros foi o de Recife (4,24 pontos), seguido pelo aeroporto de Brasília (4,20 pontos).

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