A Gazeta
A já dada como certa substituiçãopela ex-senadora Marina Silva na vaga do ex-candidato à presidência, Eduardo Campos (PSB), vítima de acidente aéreo, coloca um ponto de interrogação no setor do agronegócio de Mato Grosso, atingindo em cheio o palanque do postulante ao governo, senador Pedro
Taques (PDT), que tem demonstrado simpatia ao presidenciável Aécio Neves (PSDB).
O PSB é aliado de Taques, tendo o prefeito e presidente da legenda, Mauro Mendes, na linha de frente da campanha do pedetista. Marina, ex-ministra do Meio Ambiente no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é conhecida por sua postura “ímpar” e endurecida sobre questões de defesa do meio ambiente, que no período de sua gestão gerou descontentamento a produtores de Mato Grosso.
Taques, que tem como vice o presidente licenciado da Aprosoja, Carlos Fávaro (PP), admite que “se Marina vencer as eleições deverá haver diálogo, porque não há espaço para fundamentalismo e nem sectarismo”.
Ao avaliar esse contexto, na tarde de ontem, Taques disse que “primeiro é preciso avaliar se Marina Silva será escolhida pelo PSB”.
Pontuou ainda que em sendo candidato ao governo de Mato Grosso, ele (Taques) tem o PSB como um dos partidos aliados. Disse ainda que o assunto deverá ser discutido, mas que em princípio não vê problemas sobre um cenário hipotético no momento, em relação a possível vitória da exsenadora nas urnas no pleito de outubro.
“Vamos discutir essa questão. Mas eu conheço a Marina Silva há 20 anos e tenho uma boa relação com ela”, ponderou ao acrescentar que todos os temas de interesse do Estado devem passar por ampla discussão no governo federal.
O candidato preferiu não aprofundar o fato de ser Marina conhecida pela defesa “sólida” em relação ao meio ambiente. Mesmo assim, admitiu que se ela vencer o embate eleitoral, espera-se um campo de debates com o Estado de Mato Grosso, que tem sua balança comercial baseada na produção primária.
O receio da “gestão Marina”, que tem aumentado suas chances de vitória como mostra pesquisa recente do Datafolha, também atinge líderes do PP estadual.
O megaempresário Eraí Maggi (PP), um dos mais ferrenhos defensores da reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), também admitiu que as ações da ex-ministra provocaram dissabores aos produtores de Mato Grosso.
Considerou ainda sua confiança de que Dilma irá se reeleger, o que afastaria o temor sobre os reflexos da gestão Marina sobre a área.
Analista político, João Edson, disse que a inserção de Marina Silva no processo de disputa à presidência poderá promover contratempos ao palanque de Taques.
“Se considerarem a exsenadora como candidata à presidência, o cenário aponta para dificuldades. Em Mato Grosso, a relação dela é de conflito com o setor do agronegócio. O Eduardo Campos mantinha uma linha diferente, de pleno alinhamento com o Estado. Ele era diplomático”, observou.