De uma vez só dois golpes significativos para o Corinthians. O clube perdeu Cléber para o Hamburgo. O clube paulista sabia do risco que corria. Não tinha porcentagem alguma do jogador. Um grupo de empresários o comprou por R$ 6 milhões da Ponte Preta.
Thiago Ferro e Guilherme Miranda, ex-diretores da DIS, braço esportivo do Grupo Sonda; Fernando Garcia, irmão do conselheiro de oposição do clube, Paulo Garcia; Nilson Moura, diretor da Art Sports, e Marcus Sanchez. A diretoria aceitou servir como vitrine do zagueiro para o futebol europeu. A esperança era que ficaria por pelo menos até o final do ano. Mas não conseguiu.
Além de Cléber, o clube perdeu Petros. Ele foi suspenso por seis meses pela agressão ao árbitro Raphael Claus, no clássico contra o Santos. Há chance de diminuir e muito a pena. Mas ele não pode entrar em campo até que novo julgamento seja feito.
A diretoria corintiana está muito tensa. Principalmente pela maneira com que Cléber está se comportando nesta saída. O jogador teve uma discussão com Mano Menezes. Conselheiros garantem que ele havia ficado inseguro com a contratação de Anderson Martins, do agente Carlos Leite. O mesmo empresário de Mano.
O treinador e Cléber teriam tido uma discussão. O jogador já estava irritado ao ouvir o treinador garantir que ele estava muito imaturo para atuar na Europa.
“Penso que não é hora do Cleber sair. Se queremos formar equipes vencedoras, acho que o jogador também tem que ter essa visão. Tem muita chance de o clube perder e o jogador também perder porque ainda não está no nível de uma exigência europeia, ao menos não de primeiro nível.”
As palavras do treinador depois do empate contra o Bahia perturbaram de vez o zagueiro. Foi quando decidiu que nem tentaria se acertar com a direção corintiana. Havia a possibilidade de um aumento para que ele continuasse no clube. Mas nesta segunda-feira, Cléber avisou que fechou com representantes alemães. Teria até assinado um contrato de quatro anos. E quer a liberação imediata do Corinthians.
O clube não pode fazer absolutamente nada. O Corinthians tinha até abril deste ano para comprar 20% dos direitos do atleta. Mas não exerceu seu direito. Não havia dinheiro e a diretoria acreditava que ele ficaria no clube até o final do ano. Não teria coragem de romper na abertura da janela deste meio de ano.
A contratação de Anderson Martins e a proposta do Hamburgo mudaram todo o quadro. Cléber estava acertando detalhes da viagem para a Europa. Ele deverá ser viajar amanhã. Ser anunciado como novo atleta do clube alemão. O mau estar no clube é enorme. Cléber era titular absoluto da zaga ao lado de Gil. Por contrato, se ele tivesse proposta e o Corinthians não cobrisse, estaria liberado automaticamente. Foi o que aconteceu.
Em relação a Petros, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva o condenou a seis meses de suspensão. Mas foi uma decisão apertada: 3 a 2. Os jurados se dividiram. O auditor do STJD, Felipe Belilacqua votou por 180 dias de suspensão. Ele foi acompanhado por Douglas Blaichman (auditor) e Valed Perry (presidente da comissão). Washington Rodrigues Oliveira (auditor) pediu gancho de quatro jogos. Já Vinicius de Sá Vieira (auditor), de um jogo.
Petros esteve no julgamento. Sua presença e a firmeza de suas declarações, além do passado como atleta pesaram na decisão tão dividida.
“Não condiz com meu perfil, jamais faria uma agressão a um árbitro. Se isso estivesse no meu pensamento, por ser destro, jamais tentaria proteger com o braço esquerdo e ir com a mão aberta. Afirmo que não o agredi.”
O jogador alegou que sofreu uma paulistinha do santista Alison. O toque do joelho do adversário fez com que desviasse a direção que corria. E acabou acertando, segundo ele, sem querer as costas do juiz com a mão esquerda. Suas palavras e atuação dramática do advogado corintiano, João Zanforlin, sensibilizaram os auditores.
Como o julgamento esteve longe da unanimidade, o departamento jurídico corintiano recorrerá com muita confiança no Pleno do STJD. Advogados experientes garantem que os seis meses de punição não irão prevalecer. A pena ao atleta deverá cair e muito. Provavelmente mudado o artigo. Deverá desqualificar o termo ‘agressão’. Até porque o árbitro Raphael Claus não o expulsou e sequer relatou o tranco que tomou de Petros na súmula. Só depois que viu a imagem pela televisão, fez um adendo ao seu relatório do jogo.
Petros está suspenso. Há porém otimismo em um novo julgamento. Quanto a Cléber, os dirigentes lamentam. Acreditam que não há o que fazer. Irão perder o promissor zagueiro de 23 anos. E sem ganhar um centavo. O clube serviu apenas de bela vitrine para os empresários o venderem à Europa. Faltou visão, competência para quem aceitou a negociação. Pelo menos a zaga estará livre para Anderson Martins, por coincidência é claro, jogador de Carlos Leite, o mesmo empresário de Mano Menezes…