Gastos de mulheres na campanha é 18 vezes maior que dos homens

Data:

Compartilhar:

THIAGO ANDRAD

As mulheres ainda são minoria na política e precisam gastar até 18 vezes mais para conseguir se eleger em uma vaga no Poder Legislativo brasileiro. Mato Grosso figura na lista dos piores Estados com representação feminina no Legislativo. 

Dados do Portal Transparência Brasil mostram que as mulheres representam apenas 9% do total de deputados federais. No entanto, não há na Câmara dos Deputados nenhuma representante de Mato Grosso. 

No Senado, o número de mulheres sobe um pouco, chega aos 13% do total de 81 senadores. No entanto, mais uma vez não há nenhuma senadora de Mato Grosso. Aliás, no pleito de 2010 não houve nenhuma candidata ao Senado.
 

Ao analisar a Assembleia Legislativa é possível constatar que o número é ainda pior. Apenas 8% das vagas do Legislativo Estadual é ocupada por mulheres, ou seja, dos 24 parlamentares, apenas duas são do sexo feminino. As vagas são ocupadas pelas deputadas Luciane Bezerra (PSB) e Teté Bezerra (PMDB).

Já na Câmara Municipal de Cuiabá, dos 25 vereadores, apenas uma mulher foi eleita no pleito de 2012. A vaga é ocupada pela vereadora Lueci Ramos (PSDB), que já está em seu quarto mandato no Legislativo Municipal.

Os números faz com que a representação política feminina no Brasil seja uma das piores do mundo: em estudo da Inter‐Parliamentary Union (IPU) 2, que compara a participação das mulheres no Poder Legislativo de 145 países, o Brasil patina na 126ª posição.

A legislação eleitoral brasileira (art. 10, parágrafo 3º da Lei 9.504/97) estabelece a obrigatoriedade de que ao menos 30% das candidaturas de partidos e de coligações em eleições proporcionais correspondam a mulheres. 

Em 2010, apenas 13 unidades da federação registraram mais de 25% de candidatas em relação ao total de postulantes a deputados estaduais; no caso de candidatos a deputados federais, foram apenas onze estados com mais de um quarto de mulheres entre eles. 

Como muitas das candidaturas femininas são registradas apenas com vistas ao cumprimento da cota obrigatória, a taxa de sucesso das mulheres é bem mais baixa, e há muita disparidade no financiamento das postulantes.

Para a vice-presidente do PSDB Mulher, Thelma de Oliveira, destaca que um dos maiores desafios é fazer o partido lançar candidaturas de mulheres que não sejam somente para cumprir o que determina a legislação, mas, construir candidaturas de fato. 

Ela conta que para isso, a legenda tem feito seminários e cursos de formação em todo o país na tentativa de despertar nas mulheres o desejo pela política. 

DESIGUALDADE 

Os dados usados como base da pesquisa mostram que para se eleger uma mulher foi necessária arrecadação 18 vezes maior do que a média para eleger um homem. A média dos homens ficou em R$ 57.290, enquanto para as mulheres foi de R$ 1.011 milhão. 

Em 2010, apenas 45 das 1.335 mulheres que concorreram ao cargo de deputada federal foram bem‐sucedidas. Para o cargo de deputada estadual, a situação é semelhante: 138 das 3.498 candidatas foram eleitas, ou seja, apenas 4% do total, percentual bem inferior aos 8% de homens bem‐sucedidos.

PARENTESCO 

Diante da falta de recursos, as candidatas passaram a buscar outras alternativas. Uma delas é valer‐se indiretamente do parentesco político. Entre as eleitas de 2010, a maioria foi alavancada por parentes que ocupavam ou já ocuparam algum cargo eletivo: 58% na Câmara dos Deputados, 59% nas Assembleias e 86% no Senado. 

Entre as deputadas estaduais e as senadoras, as relações de parentesco não apresentam relação com o financiamento eleitoral. No caso das deputadas federais eleitas, no entanto, as parlamentares com parentes políticos conseguiram arrecadar, em média, quase o dobro do que as sem parentes: R$ 1.242 milhão e R$ 695 mil, respectivamente. 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

EPISÓDIO 1

Notícias relacionadas