“A abertura da Copa do Mundo está marcada.

Será no dia 6 de junho, aqui em São Paulo

No estádio onde deveria acontecer: no Morumbi.”

As frases misturavam brincadeiras e ironia.

Foram do presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar.

Recém-eleito, comemorava o jogo contra a Sérvia.

O último amistoso antes da estreia na Copa do Mundo.

Aidar sabe muito bem a diferença da importância dos jogos.

Mas o ele quis dizer aos conselheiros foi algo além.

O São Paulo voltou a ter importância na CBF.

O presidente José Maria Marin é muito ligado ao clube.

Quando assumiu o cargo, o Itaquerão já estava definido na Copa.

Juvenal Juvêncio chorou no seu ombro a perda da abertura do Mundial.

Reclamou da óbvia interferência do governo federal.

Do ex-presidente Lula.

Mas não perdoou a traição do ex-prefeito Gilberto Kassab.

Se viu envolvido em manobras políticas que não conseguiu conter.

Marin lamentou, mas nada poderia fazer.

Só que a ligação do ex-governador biônico com Aidar é intensa.

São tão ou talvez até mais amigos do que Marin e Juvenal.

Foi nas mãos de Aidar que a CBF jogou a pendenga das ações da Portuguesa.

O escritório do dirigente trabalhou muito bem.

O Flamengo e o Fluminense estão na Série A.

E o clube do Canindé, quietinho, disputa a Série B.

Se continuasse a reclamar poderia ir parar na C.

Aidar trabalhou com muito afinco.

Até para retribuir o que Marin havia garantido ao clube.

O último amistoso da Seleção seria no Morumbi.

Estádio que o próprio Aidar classifica como ‘horrível e ultrapassado’.

Não importa.

A vitória foi do São Paulo.

E mais.

Terá o time de Luiz Felipe Scolari nos seus domínios.

Seis dias antes de jogar no Itaquerão, rival.

Situação que pode parecer infantil de longe.

Mas de perto significa muito aos conselheiro são paulinos.

Marin fez mais do que arrumar essa partida.

Ele reaproximou o São Paulo da Fifa e da Globo.

A cúpula do clube não queria ter mais laços com os dois.

Porém Marin mostrou o benefício.

Não é nada bom ter relacionamento ruim com a Fifa.

O clube faz várias transações internacionais.

Nunca se sabe o futuro.

O Brasil pleiteia ser a sede do Mundial Interclubes em 2017 e 2018.

Quem sabe se até lá o Morumbi não pode ser palco desse torneio?

A reaproximação com a Fifa teve reflexos.

O clube conseguiu a liberação para fazer seu fan fest particular.

Ou seja, transmitirá os jogos do Brasil.

Com direitos a shows do grupo Revelação na abertura do Mundial.

No dia 17, no jogo contra o México, uma dupla inusitada.

Bel Marques, ex-vocalista do Chiclete com Banana…

E o DJ Fat Boy Slim.

No dia 23, dia da partida com Camarões, Dimitri Vegas & Like Mike.

Cláudia Leite, Ivete Sangalo e o sueco Avicii negociam com o clube.

O garoto propaganda deste evento é Pelé.

O São Paulo deverá lucrar R$ 6 milhões.

Haverá espaço para 12 mil pessoas, o palco será atrás de um dos gols.

A empresa Front360 garantirá o dinheiro para o São Paulo.

Marin fez mais.

Colocou Aidar em contato com a cúpula da Globo.

Para melhorar a relação que ficou ruim com Juvenal.

Principalmente por causa do dinheiro da transmissão dos jogos.

Com Flamengo e Corinthians ganhando muito mais que o São Paulo.

Marin trabalhou bem.

Até porque os executivos da emissora não querem saber de revolução.

Aidar vive falando em criar uma liga independente de clube.

E ela negociaria com a emissora a partir de 2017.

A CBF de Marin também não quer esse novo órgão.

Os clubes unidos podem ser um perigo para a própria entidade.

De qualquer maneira, o resultado prático será mostrado sexta-feira.

O São Paulo terá a sua compensação por ter perdido a Copa.

O Brasil completo enfrentará a Sérvia.

Politicamente esse jogo é uma vitória do São Paulo.

E a demonstração de seu poder na CBF.

Fica a certeza.

Para aliados de Aidar fica uma certeza.