Raquel Ferreira/A Gazeta
Maio é o segundo mês mais violento do ano e encerra com 41 homicídios em Cuiabá e Várzea Grande, ficando atrás somente de abril, quando 53 assassinatos foram registrados nas duas cidades. Até agora, 2014 soma 203 crimes contra a vida, 38% a mais que no ano anterior. Em 2013, foram 147 casos no mesmo período.
Na avaliação do delegado Silas Caldeira, da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), a situação é preocupante, não somente pelo fato da proximidade da abertura dos jogos da Copa do Mundo, mas sim porque toda violência causa impacto na sociedade.
Caldeira frisa que o crescimento da violência na Baixada Cuiabana não é uma exclusividade do nosso Estado, lembrando que o cenário se repete em todo o país. “De modo geral, as pessoas perderam o respeito ao próximo, à vida. Matam por qualquer razão”. Aponta que a Polícia Civil trabalha para identificar as causas que levam a essa criminalidade nas duas cidades e buscar meios para diminuir. “São vários os fatores a serem trabalhados para mudar o quadro”.
Para ele, junho não tende a seguir o mesmo ritmo de abril e maio, com número de mortes crescente, por se tratar de um mês com festas. “A Copa é um momento festivo e as pessoas estão menos agressivas, mais animadas com os jogos, com as comemorações. Tem ainda o fato do policiamento ser intensificado durante o período”.
Somente a Polícia Civil contará com efetivo de 700 funcionários neste mês, atuando nas ações de segurança. Outros 1,6 mil homens da Força Nacional, além de mais 1,5 mil policiais militares e reforço das Polícias Federal e Rodoviária Federal. Apesar do incremento
e reforço na segurança, a maior parte do policiamento será destinada à região da Arena Pantanal, Fifa Fan Fest, Arena Cultural, Aeroporto Internacional Marechal Rondon, rede hoteleira e pontos turísticos.
O Plano Operacional da Polícia Militar, por exemplo, prevê o incremento de 1.025 homens atuando em Cuiabá e Várzea Grande nos dias de jogos da Copa de 2014. O efetivo terá como foco as áreas de interesse operacional e área impactada. As duas situações são voltadas para o atendimento ao turista e às autoridades que estarão em Cuiabá. Os bairros das duas cidades, onde ocorrem a maioria dos assassinatos, continuarão contando apenas com as rondas de rotinas, feitas pelo efetivo que habitualmente atua nas regiões.
VÁRZEA GRANDE – O número de assassinatos em Várzea Grande ultrapassou a quantidade registrada em Cuiabá no último mês. Enquanto a Capital teve 17 homicídios e um latrocínio, a cidade vizinha foi cenário de 20 assassinatos e 2 roubos seguidos de morte. A 41ª vítima morreu no hospital depois de passar vários dias internada ao sofrer uma lesão corporal.
Em Várzea Grande, várias pessoas foram executadas por criminosos que chegavam armados e atiravam diretamente contra seus alvos. Entre os casos, um casal foi assassinado em dias e locais diferentes. O frentista Sebastião Bueno de Almeida, 45, foi baleado dentro de um posto de combustíveis, na avenida Júlio Campos, na noite de 16 de maio. Dois dias antes, a esposa dele, Nailce das Graças Ribeiro Silva, 28, havia sido morta dentro de casa. Nas duas situações as vítimas estavam acompanhadas de outras pessoas, mas ninguém ficou ferido.