Quatro médicos vão a júri popular pela morte do menino Paulo Veronesi Pavesi, de 10 anos, ocorrida em 2000, em Poços de Caldas, sul de Minas. A data do julgamento definida pela Justiça é 31 de julho, a partir das 8h, no Fórum da cidade. Os quatro são acusados de usar uma central clandestina de transplantes para retirar órgãos do garoto enquanto ele ainda estava vivo, após sofrer um acidente no prédio onde morava.
Eles respondem por homicídio qualificado contra Paulinho. O pai do garoto, Paulo Airton Pavesi, que vive asilado em Londres, prestou depoimento por carta precatória na semana passada. O caso se arrasta por 14 anos e, além desse processo, existem outros relacionados à chamada “Máfia dos Órgãos”, como ficou conhecido o esquema denunciado pelo Ministério Público que fazia a retirada ilegal de órgãos para transplantes.
Três médicos já foram condenados e outros ainda respondem na Justiça. Nesse júri popular estarão no banco dos réus o nefrologista Álvaro Ianhez, o anestesiologista Marco Alexandre Pacheco da Fonseca, o intensivista José Luiz Bonfitto e o neurocirurgião José Luiz Gomes da Silva. Na denúncia consta que eles teriam usado uma central de transplantes clandestina, a MG Sul Transplantes, para retirar rins e córneas de Paulinho antes da confirmação da morte encefálica.
Ameaça
Os médicos negam as acusações. Eles podem pegar até 30 anos se forem condenados. No depoimento que prestou na Inglaterra, o pai de Paulinho falou sobre as provas que juntou contra os envolvidos antes de ir embora para a Itália em 2008, quando conseguiu asilo naquele país após relatar ter recebido ameaças no Brasil. Este ano ele lançou um livro sobre o caso com o título “Tráfico de Órgãos no Brasil – O que a máfia não quer que você saiba”.