Gláucio Nogueira/GD
Em meio a atrasos nas obras, o governo de Mato Grosso ainda não divulgou o modelo de operação do Veículo Leve sobre Trilho (VLT), metrô de superfície em implantação nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande. Apostando na concessão do serviço para a iniciativa privada, pelo menos 2 grupos já se articulam para entrar na disputa.
Um deles seria organizado pelo ex-assessor e empresário Rowles Magalhães, que voltou a falar publicamente esta semana, após o arquivamento, por parte do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), de um processo por suposto crime de improbidade administrativa.
Em entrevista ao programa Tribuna CBN, nesta semana, Rowles explicou, entre outras coisas, como entrou no processo, foi nomeado assessor especial do vice-governador Chico Daltro (PSD) e negou ter acusado as empresas vencedoras da licitação para a implantação de pagamento de propinas .
Atuando como lobista, Rowles conta que reuniu um grupo de empresas para a implantação do VLT, capitaneado por um fundo de investimentos internacional, sediado nas Bahamas. “Eles são sediados lá como grande parte dos fundos por conta da questão fiscal”. A intenção era oferecer ao Estado uma Parceria Público-Privada (PPP) e cobrar do governo pela implantação após o VLT entrar em operação.
Neste cenário, Rowles havia obtido de uma empresa portuguesa, que atuaria em um consórcio o estudo técnico para a implantação do metrô de superfície. “Tinhamos um planejamento detalhado que incluía, também, formas de baratear os custos de implantação do VLT”.
Entre as medidas, segundo ele, estavam a implantação de lojas de magazine nos terminais, fato que já havia sido acordado com um grande grupo varejista, o envelopamento das 44 composições por propaganda publicitária, entre outras coisas. “Isso aí já pagaria aproximadamente metade do custo”.
Além disso, a junção de empresas com know how em execução de partes do projeto seriam participantes do consórcio, ajudando a baratear os custos. “No caso dos trens, traríamos a empresa construtora para ser nossa parceira e garantiríamos mais uma redução”.
A proposta de PPP só não seguiu por conta dos prazos para a regularização do processo que envolveria a participação de bancos internacionais. “Levaria aproximadamente 10 meses para que toda a parte burocrática fosse superada e o governador Silval Barbosa (PMDB), acertadamente na época, optou pelo Regime Diferenciado de Contratação”.
Um dos fatores positivos da PPP em relação ao RDC seria a agilidade da obra, fato criticado por Rowles. “Como o grupo só receberia pela obra depois do VLT implantado e em operação, teríamos que ser rápidos nas obras sob pena de amargarmos um prejuízo”.
Rowles também citou o jornalista Vinícius Segalla, do Portal UOL, autor de diversas reportagens, entre elas uma em que Rowles teria denunciado o pagamento de propina das empresas vencedoras, no valor de R$ 80 milhões, a integrantes do governo.
“Isso nunca aconteceu e eu nunca falei isso. O que houve é que eu, ironicamente, ao responder uma pergunta sobre qual foi o motivo para Silval adotar o RDC e não implantar o modal pela PPP disse que isso poderia ser superfaturado. Não falei isso seriamente e nem foi uma acusação. Ele é que pegou essa declaração, irritada, e transformou nessa história, analisada pelo Ministério Público e arquivada a pedido dos promotores”.
A nomeação para a assessoria especial do gabinete de Daltro, segundo Rowles, ocorreu por conta do acesso que o lobista tem junto a instituições financeiras. “Fui chamado no momento em que o Estado renegociava dívidas e, por conta dos contatos que tenho na Europa, acharam que eu poderia ajudar. Entrei no gabinete do vice-governador porque as questões internacionais eram e são ligadas a ele”.