O grande confronto do Brasileiro.
Deveria ter a pompa de uma final.
Cruzeiro e Botafogo, quarta-feira, no Mineirão.
Não perto da metade da competição.
Dentro de campo, os times mais modernos do País.
Merecem estar liderando a competição.
Sem a mesma mídia que Corinthians e Flamengo, por exemplo.
As duas equipe conseguiram se impor.
Por isso precisam sim encarar o jogo como uma final precoce.
Vale demais pelo lado psicológico e prático vencer esse jogo.
O Cruzeiro tem incríveis 73% de aproveitamento na competição.
Acumula 46 pontos.
O Botafogo, 66,7% e 42 pontos, também em 21 jogos.
A ‘família’ Oliveira tem uma maneira peculiar de ver futebol.
Marcelo fez do Cruzeiro o time com mais apetite para marcar gols.
Tem um esquema assumidamente ofensivo.
Obriga seus meias a atuarem grudados aos atacantes.
Como seus laterais.
Embora Everton Ribeiro e Ricardo Goulart sejam badalados…
Nilton tem a função mais importante.
Ele dá sustentação à defesa, tranquilidade para o time atacar.
Marcelo não perde tempo nos treinamentos.
Cerca de metade dos 45 gols que o Cruzeiro marcou foi de bola parada.
Fruto de treinamento intensivo, cansativo.
E muito produtivo.
O Cruzeiro é um time que vibra, empolga.
Não se cansa de atacar.
Gosta de ter a posse de bola por pouco tempo.
Logo articula uma jogada buscando marcar gols.
É impaciente, atrevida.
Oswaldo já seguiu outra escola.
O Botafogo é discreto mas é o time que marca melhor os adversários.
A vigilância começa no tiro de meta, nos zagueiros.
É um time frio, calculista.
A inteligência de Seedorf é fundamental.
Ele é o único jogador do mundo a vencer três Champions com camisas diferentes.
Ou seja, sabe entender o clube que defende.
E o Botafogo precisa ser uma equipe tática.
Não é um time exuberante, talentoso.
É absolutamente eficiente.
Jogando dentro ou fora de casa.
Não costuma alterar seu comportamento, tão comum em times brasileiros.
Corajosos em casa e que tremem na defesa atuando fora.
Os cariocas acabaram com a invencibilidade de 29 jogos do Santos de maneira natural.
Assim como os cruzeirense finalizaram as 13 partidas sem derrotas do Atlético Paranaense.
Venceu e conseguiu sua sétima vitória consecutiva.
Os mineiros querem aproveitar o seu alçapão.
O Mineirão, palco onde ainda não perdeu no Brasileiro.
E que estará lotado na quarta-feira.
A venda de ingressos começou hoje com torcedores lutando por ingressos.
O clima em Belo Horizonte é de final.
Marcelo Oliveira prepara seus jogadores para o confronto como se fosse uma batalha.
Oswaldo de Oliveira tenta minimizar o clima.
Insistir que haverá muito mais campeonato depois.
É puro marketing.
Ele sabe melhor do que muitos o quanto é necessário vencer em Belo Horizonte.
Só que não alardeia.
Deixa o discurso restrito aos seus atletas.
Não quer mais pressão desnecessária.
Ainda mais em clube que não vence o Brasileiro desde 1995.
São 18 anos sem conquistar o título.
Os mineiros estão há dez anos no jejum.
Os caminhos estão abertos aos dois como há muito tempo não acontecia.
O mais interessante é que ambos não representam o tradicional futebol brasileiro.
Nada de improviso, ritmo lento, toque de bola sem sentido.
Se atuassem com camisas de clubes alemães, holandeses não fariam feio.
Velozes, intensos, com grande espírito de organização.
A triste diferença está fora dos gramados.
Com o desrespeito da direção botafoguense.
Por mais que o clube tenha perdido o Engenhão, não se justifica.
Como atrasar constantemente os salários dos jogadores.
Eles que acabaram de ser campeões cariocas.
E são segundos em um dos torneios mais difíceis do mundo.
Seedorf como recebe em dia do patrocinador muitas vezes emprestou dinheiro do bolso.
Cedeu a quem precisava no clube e não fez estardalhaço.
Oswaldo não levantou a voz quando os dirigentes venderam Vitinho.
Perdeu talento porque sabe a triste situação financeira.
São mais de R$ 566 milhões segundo a Pluri consultoria.
O Cruzeiro também deve.
Cerca de R$ 140 milhões.
Mas consegue manter salários em dia, o que é fundamental.
Gilvan Tavares soube muito bem investir o dinheiro da venda de Montillo.
E formou um novo time.
Com atletas que nem se conheciam.
Como Dedé, Everton Ribeiro, Ricardo Goulart, Júlio Baptista…
Willian, Dagoberto, Borges…
O plano de Marcelo Oliveira era preparar o time para 2014.
O resultado veio precoce demais.
Oswaldo misturou jogadores rodados identificados com o clube.
Marcelo Mattos, Renato, Jefferson…
Mais um jogadores sensacional no final de carreira, Seedorf…
E a safra excelente de garotos.
Comprados ou que nasceram no clube como Doria, Hyuri.
Cruzeiro e Botafogo trabalharam duro.
Reverteram a expectativa de que seriam dois coadjuvantes.
Deixaram favoritos como Corinthians, Internacional, Grêmio, Fluminense para trás.
São as duas melhores equipes do Brasileiro.
E vão medir forças quarta-feira.
Vão obrigar o País a parar para conferir qual é a melhor.
Quem vencer não levará em pontos a vantagem.
Será moral, confiança, autoafirmação.
Por tudo que já fizeram tornam o jogo imprevisível, nervoso.
Cercado de expectativa.
Como qualquer decisão de campeonato precisa ser.
Cruzeiro e Botafogo fazem a primeira decisão do Brasileiro de 2013.
Ninguém tem como negar.
Só resta admirar dois trabalhos feitos com muita seriedade.
Cada um do seu jeito merece estar nesta final.