As manifestações prometidas por movimentos sociais para 7 de setembro, dia da independência, em Brasília, estão liberadas dentro do Estádio Mané Garrincha, aonde nesta mesma data se enfrentarão as seleções do Brasil e da Austrália. Mas protestos realizados na porta do estádio serão reprimidos. É o que afirmam os responsáveis pela segurança do dia do jogo.
O 7 de setembro é tradicionalmente aproveitado para reivindicação de pautas públicas e neste ano ganhou um significado especial depois das mobilizações que se estenderam pelo mês de junho e pararam o país, mexendo inclusive com a Copa das Confederações. Os manifestantes usaram a exposição do torneio organizado pela Fifa no Brasil para protestar contra o excesso de gastos públicos com a Copa do Mundo e a falta de investimentos em setores como saúde e educação.
Brasília, palco da estreia das Confederações, viu o primeiro conflito entre ativistas e forças policiais nas cercanias de um dos estádios-sede da competição. No dia 15 de junho, enquanto a seleção brasileira vencia o Japão no gramado do Mané Garrincha, bombas de gás lacrimogênio explodiam do lado de fora.
Neste sábado, a polícia militar está disposta a usar as bombas novamente, mas para impedir que os protestos se aproximem. “A ideia é que não cheguem perto do estádio, mas é bem possível que haja conflitos, o histórico diz que sim. Vamos tentar conversar para evitar isso e preservar o direito de quem comprou ingresso para a partida, mas se necessário vamos usar bombas de efeito moral”, disse ao ESPN.com.br o coronel Anderson.
“Esperamos que o governo tenha aprendido que protestar faz parte da democracia”, responde Francisco, o Chico, membro do Comitê Popular da Copa, um dos movimentos engajados nas manifestações do 7 de setembro.
Segundo ele, o objetivo é que o Grito dos Excluídos, marcha que acontece há 19 anos no dia da independência, saia da rodoviária de Brasília e vá até o Mané Garrincha. “Infelizmente o governo do Distrito Federal costuma agir com truculência, não dá para confiar. Mas não pretendemos agir com violência, apenas evidenciar injustiças latentes da nossa sociedade.”
Protesto dentro do estádio
Além das marchas pela cidade, também se especula que alguns manifestantes comprarão ingressos para protestar do lado de dentro do estádio. O Comitê Popular da Copa diz não ter conhecimento de nenhuma ação do gênero, mas declara apoio.
A polícia militar afirma que não vai repreender esse tipo de manifestação. “Não tem nada que impeça manifestações livres. Todos podem se manifestar desde que não atrapalhe o jogo e as outras pessoas. O cara pode levantar uma faixa falando qualquer besteira . Só não pode haver racismo, qualquer coisa nesse sentido. Temos uma central de controle e tudo isso estará sendo fiscalizado”, explica o coronel Cleber.
Segundo a polícia militar, a segurança na Capital Federal para o dia do amistoso entre Brasil e Austrália será reforçada e soldados em folga serão recrutados, aumentando o contingente para até mais de 5 mil pessoas. Pessoas serão revistadas do caminho da rodoviária até o estádio. O desfile presidencial de 7 de setembro que acontece no Eixo Monumental será reduzido pelo exército. Nenhuma das manifestações, contudo, está prevista para essa região da cidade.
Até aqui, apenas 28 mil de 70 mil ingressos disponíveis foram vendidos para o amistoso do próximo sábado.
Veja os cartazes de protesto durante a Copa das Confederações: