Uma jovem de 18 anos registrou um boletim de ocorrência nesta segunda-feira (22), em Várzea Grande, contra o destista Lúcio Gonçalo do Nacismento, 46, acusando-o de tentar abusar sexualmente dela enquanto estava deitada na cadeira odontológica para colocar aparelho nos dentes. Ela relata, no boletim de ocorrência, que ele tentou levantar sua blusa e tocar nos seus seios e também tentou pegar na genitália da jovem que rapidamente se levantou da cadeira, momento em que ele a segurou firme no rosto e disse em tom intimidador que pretendia sair com ela. A jovem, M. G.O, fugiu e pediu socorro na rua acionando a Polícia Militar. Uma viatura chegou ao local cerca de 20 minutos depois, mas Lúcio já havia evadido do local e fechado o consultório Humanista localizado no bairro Água Vermelha, região central de Várzea Grande.
O fato foi registrado por volta das 12h desta segunda-feira. Em 2011, Lúcio foi investigado pelo Conselho Regional de Odontologia (CRO) por suspeita de exercício ilegal da profissão, uma vez que na época, ele na condição de odontólogo recém -formado ainda não tinha o registro profissional no Conselho, mas já atuava há pelo menos 4 anos oferecendo restauração, extração, dentadura, ponte móvel, tratamento de canal, limpeza e tratamento periodontal no consultório sem identificação, localizado na rua João Norberto. E dessa vez, ele estava novamente exercendo a profissão irregularmente. Isso porque o registro provisório dele junto ao CRO, com validade para 2 anos venceu em janeiro deste ano e ele não deu entrada no pedido para conseguir o registro definitivo.
Como o abuso não chegou a acontecer e dessa forma não é possível realizar qualquer exame que comprove o fato, resta apenas os relatos da jovem contidos no boletim de ocorrência e o fato de o dentista ter fugido e fechado o consultório também pesa contra ele. De acordo com um policial militar do 4º Batalhão, o caso foi registrado como assédio sexual. O primeiro telefonema feito pelo policial no celular do dentista foi atendido e o acusado disse que se apresentaria mais tarde na delegacia acompanhado de um advogado. Contudo, outros telefonemas foram efetuados, mas ele não atendeu mais. “Vamos continuar tentando falar com ele. E dentro de 24 horas se ele for detido poderá configurar flagrante”, disse o policial.
De acordo com a jovem que foi ouvida por um investigador da Polícia Civil na Central de Flagrantes, ela vinha realizando o tratamento com o acusado há cerca de 7 meses, e foi ao consultório dele, localizado no bairro Água Vermelha nesta segunda-feira para a colocação de um aparelho odontológico. Porém, segundo a jovem ele tentou levantar a blusa dela e chegou a tocar em seus seios. Antes de ela fugir e pedir socorro ele, de forma agressiva disse que queria sair com ela segurando-a forte no rosto. M saiu gritando até a rua e a Polícia Militar foi acionada. A jovem foi ao consultório em campanhia da mãe que se ausentou para ir ao supermercado nas proximidades do consultório. Foi neste momento que ele aproveitou para investir contra a paciente. Quando ela correu para a rua pedindo socorrou sua mãe retornava do mercado e viu a filha correndo em desespero.
Atuação irregular:
De acordo com o coordenador-geral do Conselho Regional de Odontologia de Mato Grosso, Widney Alves, o dentista Lúcio Gonçalo do Nacismento não deveria estar atuando por estar com o registro vencido desde janeiro deste ano. Dessa forma, o CRO não poderá instaurar qualquer processo ou investigação com caráter punitivo, uma vez que isso só é possível quando o profissional está devidamente registrado em seu conselho de classe. Contudo, Alves ressalta que o Conselho de Ética e o setor jurídico do CRO vão acompanhar o caso para ver qual posicionamento oficial poderão emitir sobre o caso. “A princípio o que podemos fazer se formos notificados oficialmente é informar à Polícia e à Justiça que ele estava atuando irregularmente. Não tinha vínculo com o Conselho”, pontua.
Ressalta ainda que o CRO vai aconhanhar o caso devido o fato de o acusado ser um cirurgião-denstista, o que acaba envolvendo a casse. Mas oficialmente ele não está ligado ao Conselho. Caso estivesse deviamente registrado poderia ser alvo de processo instaurado pela Comissão de Ética com espaço para se defender, mas se ao final fosse considerado culpado, poderia ser alvo de um processo demissório e até ter o registro cassado.