A terra indígena Marãiwatsédé e a região do município de Primavera do Leste (231 Km ao Sul de Cuiabá) serão 2 dos locais de atuação da Força Nacional de Segurança Pública em Mato Grosso. O envio de tropa foi autorizado nesta quinta-feira (21) pelo Ministério da Justiça para prevenir e reprimir conflitos agrários no Estado, exercendo patrulhamento ostensivo preventivo no intuito de preservar a ordem pública e garantir a integridade física dos envolvidos em operações conjuntas.
Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Federal (PF), o reforço policial é necessário já que nem a PF, nem a Polícia Rodoviária (PRF), possuem efetivo suficiente para atuar somente nestes casos. A assessoria explicou também que a atuação da Força Nacional não ficará restrita aos 2 casos, podendo ser realizada em qualquer município de MT.
Na Marãiwatsédé, que fica localizada entre os municípios São Félix do Araguaia e Alto Boa Vista, no nordeste do Mato Grosso, eles vão garantir que posseiros não retornem as terras que voltaram para as mãos dos índios após um longo processo de desocupação, que teve fim no início deste ano. Fazendeiros da região chegaram a entrar na Justiça para tentar colher a safra de soja plantada antes da desintrusão, mas tiveram todos os pedidos negados.
Em Primavera, o conflito com indígenas não é oficial, mas também preocupa. Para tentar amenizar a tensão gerada após um índio ter sido flagrado por agentes da PRF transitando com um carro furtado na BR-070, foi realizada uma reunião na semana passada entre policiais, índios e autoridades da região.
Os índios dizem que não sabiam que o veículo era produto de roubo e que o compraram. Mas além desse episódio, a PRF acusa os indígenas de saquear cargas de caminhões, ‘cobrar pedágio’ nas rodovias, dirigir sem habilitação e cometer outros delitos.
Fora esses 2 casos, há cerca de um mês, líderes indígenas das comunidades mundurukus de Mato Grosso e do Pará foram a Brasília para exigir a apuração da morte do índio Adenilson Mundukuru, durante a Operação Eldorado, da Polícia Federal, ocorrida em novembro de 2012. O tema é espinhoso e também provoca tensão entre indígenas e forças policiais.
O número de policiais que virão para Mato Grosso ainda não foi divulgado, mas eles permanecerão no Estado por 120 dias. O período pode ser estendido, caso seja necessário.
Alessandra Neves, repórter do GD