Pela primeira vez, o Corpo de Bombeiros utiliza cães para auxiliar na busca de vítima submersa em águas fluviais. A 12ª Companhia de Colíder fez o emprego do Zeus, um animal da raça labrador de onze meses, nas buscas pelo corpo de um rapaz de 21 anos que teria sido morto e jogado no Rio Teles Pires, no fim do mês de fevereiro.
O cão recebe treinamento específico para este tipo de ocorrência. Segundo o comandante da Unidade, tenente Rafael Marcondes, outros cinco animais da mesma raça recebem adestramento e devem levar mais um ano para que fiquem em plenas condições de atuação.
Na fase de treinamento, Zeus, apresenta resultados positivos, pois durante as buscas pelo rapaz, apesar do corpo não ter sido encontrado pelos mergulhadores, a resposta do animal foi satisfatória na percepção. “seu emprego serviu para que pudéssemos avaliá-lo e condicionar as equipes de mergulhadores ao trabalho mutuo”, explica Marcondes.
Segundo o comandante, em todas as situações possíveis de busca e localização de vítimas ou cadáveres, os animais deverão ser utilizados. “Em uma busca rural, por exemplo, um cão equivale a 40 homens. Então as vantagens de se utilizá-los nas atividades de busca salvamento e resgate são inúmeras”, aponta.
A vantagem de atuação do animal está na capacidade auditiva e olfativa, muito superiores a do homem e isso se torna uma ferramenta importante nas ocorrências. “Nos casos de afogamentos, onde comumente as áreas de busca são grandes, utiliza-se da linguagem corporal, como raspar o barco ou latir, para indicar a localização do corpo da vitima” ilustra.
As justificativas para as buscas aquáticas ocorrem quando um corpo sob a água, libera partículas da pele e gases desprendidos sobem à superfície, assim os animais podem sentir o odor. Devido às correntes de água, os cães raramente apontam a localização exata. Os mergulhadores usam o local indicado pelo animal, analisam a corrente e estimam o local mais provável do corpo.
Para chegar ao ponto de auxiliar os bombeiros, o cão precisa ter alguns quesitos indispensáveis, como destreza, adaptação ou socialização com diversos ambientes (água, altura, locais confiados). Obediência, concentração, disposição e vontade de trabalhar são essenciais. “Na verdade o trabalho não passa de uma divertida brincadeira”, pontua Marcondes.
Na ocorrência de buscas pelo corpo do rapaz no Rio Teles Pires,foram elencados pontos positivos, como avaliação do comportamento do animal, padronização da forma de buscas e resistência a esse tipo de ocorrência. Negativamente, pelo tempo que pode levar esse tipo de busca, o cão tende a ter um desgaste muito grande.
Segundo o comandante, a dificuldade para colocar os animais em condições de atender ocorrências está na manutenção, com alimentação, vacinas, medicamentos e produtos para higienização. Outro fator limitador está no próprio adestramento, em razão de cada animal ter uma forte ligação com seu condutor, isso significa que para cada cão em treinamento é necessário um militar. “Isso dificulta, pois os militares acabam por ter que conciliar suas atividades com o treino”, finaliza.
Os cães em treinamento são: Zaira de 1 ano, Megie e Dara de 6 meses, Sheron de 5 meses, além de Zeus.