Cantor se desentendia com funcionários porque tinha acessos de raiva
Na última segunda (4), Alexandre Magno Abrão, o Chorão, vocalista da banda Charlie Brown Jr, deixou um hotel próximo à avenida Paulista. Ele estava saindo dali porque tinha discutido muito e brigado com alguns funcionários.
Não foi o único hotel em que Chorão brigou semanas antes de morrer. O músico passou por outros três hotéis, e também se desentendeu nos três lugares, dias antes de ser encontrado morto na última quarta (6),
O relato é do delegado Itagiba Vieira Franco, que investiga o caso no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), e ilustra o quadro de instabilidade emocional pelo qual Chorão passava dias antes de sua morte. Segundo Franco, Chorão sofria de mania de perseguição e tinha “muitos acessos de raiva”.
— Ele se hospedava, se irritava muito e acabava se desentendendo. Tinha que sair de um hotel para outro. No último hotel em que se hospedou, na avenida Paulista, Chorão teria brigado e pedido para que o segurança o acompanhasse e retirasse sua roupas e levasse para o apartamento dele. Junto com o funcionário, Chorão foi até lá, pegou as roupas e levou para o apartamento. Isso por volta das 18h de segunda-feira (4). Foi a última vez que ele foi visto com vida.
Os acessos de raiva incluíam surtos, com ataques a objetos e destruição.
– Uma prima dele [a apresentadora Sonia Abrão] comentou que ele estava com desgosto pela vida, bem deprimido. Os surtos ocorriam em qualquer lugar e ele quebrava tudo que via pela frente.
Mania de perseguição
Itagiba Vieira Franco diz que Chorão achava que estava sendo perseguido. O cantor só não dizia quem estava atrás dele.
— Qualquer coisa, ele cismava que estava sendo filmado e perseguido. Aí, chegava no apartamento e destruía tudo.
Ainda conforme o delegado, Chorão passava por um “processo de desgaste emocional”.
— A família nos informou que uma possível separação da mulher, a estilista Graziela Gonçalve, estaria trazendo para ele um desgaste emocional muito grande.
Franco informou ainda que, em uma análise preliminar, as hipóteses de homicídio e de suicídio estariam praticamente descartadas.
— Pelo que nós apuramos, não se trata de morte violenta. Não aparenta ter lesão que parece ter causado a morte. De qualquer forma, vamos aguardar a entrega do laudo [necroscópico], que talvez demore alguns dias, bem como dos medicamentos e da substância encontrada no apartamento, para ver do que se trata e se pode ter ocasionado a sua morte.
Prima fala em ‘momento de muita solidão”
Após deixar o prédio onde Chorão morreu, apresentadora Sônia Abrão, prima do artista, comentou o momento pelo qual ele estava passando, após se separar da mulher.
— Acho que ele teve um momento de muita solidão, um descontrole emocional. Ele vinha de um processo de depressão. Segundo o Ricardo, irmão dele e meu primo, nesses últimos dias ele estava muito deprimido.
A apresentadora afirmou que Chorão manifestou ao irmão o desejo de reencontrar o pai, que faleceu há dez anos.
— Ele já tinha falado para o meu primo que ele queria encontrar o pai dele. Ele não queria mais nada, queria encontrar o pai dele, meu tio, que morreu há dez anos. Mas eu não acredito que ele tenha colocado um ponto-final à vida dele. Não acho que foi uma coisa premeditada, mas ele chegou a um limite e não percebeu.
Sônia também negou que Chorão estivesse desaparecido, mas que passou por um período de isolamento pouco antes de morrer.