Foi aberta sindicância para apurar denúncia; superlotação é um dos maiores problemas
Thiago Bergamasco/MidiaNews
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Médica relata a Mendes e Kamil a situação precária da UTI Infantil
KATIANA PEREIRA
O prefeito Mauro Mendes (PSB) admitiu, durante visita ao Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá, na tarde desta segunda-feira (4), que situação da unidade hospitalar é crítica.
Entre os principais problemas apresentados estão superlotação, falta de funcionários e estrutura física deficiente.
Além disso, a Secretaria de Municipal de Saúde determinou a abertura de uma sindicância para apurar uma denúncia de desvio de medicamentos, que foram comprados no ano passado. Os produtos foram recebidos pela Prefeitura, mas não foram entregues nas unidades de Saúde.
“A quantidade de medicamento é grande. Suspeitamos de algo errado, pois esses medicamentos já estão em falta e não dava tempo para ter acabado. Vamos apurar tudo e, caso tenha acorrido algo de errado, vamos tomar as medidas necessárias”, informou Mendes.
A situação encontrada o Pronto-Socorro foi de pessoas deitadas em macas espalhadas no chão da unidade. Pacientes com diabetes, vítimas de acidentes e demais enfermidades lotam os corredores, à espera de um leito.
“Aqui não tem nem bomba de oxigênio. Deveria ter respirador para todos os leitos e não temos. Falta tudo, até camas. Às vezes, fazemos o atendimento nas mesas”
A médica Ivana Cristina Alcântara, responsável pela ala pediátrica do PS, disse que é a unidade não possui equipamentos básicos, como estetoscópio e respirador artificial.
“Aqui não tem nem bomba de oxigênio. Deveria ter respirador para todos os leitos e não temos. Falta tudo, até camas. Às vezes, fazemos o atendimento nas mesas. Chega criança em estado grave e, muitas vezes, temos que transferir para hospital privado por falta de espaço e também de equipamentos adequados. Falta remédio, falta tudo. A UTI é quente, não tem refrigeração, apenas a ventilação normal. A situação é desesperadora, crônica”, disse.
Outra deficiência relatada pela médica é a falta de profissionais para completar a escala de trabalho.
“Não temos um quadro completo de funcionários. Faltam enfermeiros, médicos, técnicos. A equipe tem que fazer plantão dobrado e sobrecarrega”, disse.
Interdição no PSC
O setor de esterilização do PSC foi interditado na semana passada pela Vigilância Sanitánia.
O local está com paredes quebradas, entulhos espalhados por todos os lados e, mesmo assim, funcionava há cerca de oito meses para esterilizar curativos, gazes e instrumentos cirúrgicos usados nos procedimentos.
“Esse é outro ponto crítico no Pronto-Socorro. Como um local que faz a esterilização pode estar desse jeito? É um risco muito grande para todos os pacientes e também funcionários. Assim que tomados conhecimento da situação, mudamos o local imediatamente, como medida de urgência e temos que fazer um local para esse tipo de procedimento. Por incrível que pareça, mesmo com essas condições, o nível de contaminação ainda é baixo”, disse o prefeito.
UTI parada
Outro ponto crítico apontado na vistoria é a demora na conclusão das obras da nova Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que já era para ter sido entregue em agosto do ano passado.
“Demos um prazo de 45 dias para a empresa concluir a obra. Como todos vocês podem ver, a obra não foi concluída. E, agora, iremos notificar novamente a empresa. Caso ela não termine o serviço, corre o risco de ser multada e também impedida de participar de licitações na Prefeitura”, explicou o secretário Kamil Fares.
Demissão de médicos
O secretário informou que seis médicos que eram contratados da Prefeitura foram demitidos, por não estarem atuando de acordo com as necessidades da pasta.
Os médicos não cumpriam expedientes o tempo necessário e estavam atendendo a população com descaso.
“Demitimos seis médicos e contratamos outros. Precisamos contratar mais, mas temos que contratar médicos que tenham compromisso com a população”, disse Kamil.
Pronto–Socorro de Cuiabá realiza sete mil atendimentos por mês e é referência em cirurgias ortopédicas e tratamento de queimados em Mato Grosso.
Durante coletiva de imprensa após a vistoria, Mauro Mendes anunciou algumas medidas que já estão em andamento para desafogar o hospital. “Contratamos mais de 60 médicos para atuar nas seis policlínicas, o que transfere parte da demanda para lá. Também fomos autorizados pelo Ministério da Saúde a contratar mais 100 leitos de UTI para transferir os pacientes daqui. Desses, 42 leitos já estão em funcionamento na Santa Casa de Misericórdia”, disse Mauro Mendes.
Além disso, outras ações serão colocadas em prática a partir desta semana. “Temos uma equipe já montada da Secretaria de Obras Públicas para fazer os reparos mais urgentes no prédio do Pronto-Socorro, como as infiltrações e rede de esgoto”, explicou o prefeito.
A visita de Mauro Mendes ao PSC foi acompanhada pela presidente do Conselho Regional de Medicina, Dalva Alves das Neves, representantes do Sindicato dos Médicos e vereadores.
