Histórias de assombração aterrorizam funcionários do Teatro Nacional de Brasília

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A morte do maestro Claudio Santoro dentro do Teatro Nacional, o mais importante de Brasília, fez com que crescessem as histórias de assombrações e fantasmas no estabelecimento. Até hoje, 47 anos após a inauguração da primeira sala do teatro, funcionários se assustam e outros se divertem com os relatos de fantasmas no local. 

O próprio Claudio Santoro conhecia algumas das histórias de assombração do Teatro Nacional: elevadores que andam sozinhos, uma bailarina que dança à noite e instrumentos que tocam sozinhos. Após a morte do maestro, em 1989, as histórias aumentaram. 

O gerente de operação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, Adalto da Silva Moreira, de 54 anos, é um dos que se diverte ao relembrar as histórias de “assombração” que escutou ou presenciou ao longo dos 32 anos trabalhando nos bastidores do local. 

São muitos funcionários que já se assustaram ou viveram momentos de terror, influenciados pelas lendas de fantasmas que frequentariam os corredores e passagens subterrâneas do prédio piramidal, projetado por Oscar Niemeyer. Alguns dele têm medo de andar sozinhos pelo teatro. 

Apesar de saber de todas as histórias, Adalto diz não acreditar nas anedotas e rebate a maioria delas com teorias racionais sobre os fenômenos relatados pelos colegas. Porém, não procura contestar o depoimento do vigilante, conhecido como Baiano, sobre visões de vultos durante as rondas internas realizadas na madrugada. 

O segurança noturno jura que sempre via uma bailarina de branco correndo em frente à porta de um elevador do teatro, que por um defeito, sempre parava sozinho do segundo subsolo. Outros funcionários contam histórias de elevadores que funcionariam sozinhos, abrindo a porta, subindo e descendo. 


O gerente também não tem explicação para os relatos de um artista plástico de que, durante a pintura de um painel no porão do teatro, teria visto o maestro Claudio Santoro andar por um corredor no subsolo. O artista morreu no teatro regendo um ensaio da orquestra que hoje leva o seu nome. A copeira aposentada, Domingas, também dizia que já teria visto vários ex-funcionários antigos do teatro que já morreram. 

Adalto, no entanto, diz que somente uma vez acreditou estar presenciando um fenômeno metafísico. Em uma madrugada após toda a programação, passando pela plateia da Sala Villa-Lobos, ele escutou um som de violino tocando sozinho que vinha do palco. Ao chegar no tablado, tinha a impressão de que o som, na verdade, viria do fundo da plateia. Ao voltar para o lugar de onde estaria ressoando o instrumento, pensou que a origem do barulho era o camarote presidencial, de onde finalmente notou que o som de violino tinha origem na saída de emergência. 

— Quando abri porta, encontrei um músico ensaiando à uma hora da manhã. 

Também há a história de um piano que foi ouvido tocando sozinho e a descoberta depois, de que era um gato que passava andando sobre as teclas do instrumento. 

— Até hoje gatos conseguem entrar no teatro. 

Além dos felinos, era comum espectadores tentarem entrar no teatro sem pagar ingresso. Um jovem acabou morrendo ao tentar passar pelo quarto subsolo até a plateia da Sala Villa-Lobos. Ele acabou caindo de cabeça no poço de um elevador da Sala Martins Pena. 

— Ele chegou a ser levado para o hospital, mas já chegou morto. Naquele tempo, tinha muita gente que tentava entrar de graça, shows da Legião Urbana ou do Oswaldo Montenegro mexiam com multidões. 

Armações 

Aproveitando a crença da existência de “assombrações” no Teatro Nacional, os funcionários armavam brincadeiras para assustar os colegas de trabalho. Uma delas foi quando soltaram um boneco, que caiu do “teto” do teatro em cima de um vigilante que passava pelo palco da Sala Martins Pena. 

— Ele ficou com tremelique e chorou duas horas. Ainda bem que ninguém nunca morreu do coração com as brincadeiras que a gente fazia. 

Outra vez, pediram para um funcionário pegar um objeto no porão. Ao chegar lá, o homem de deparou com um caixão, parte do cenário do balé Gisele, apoiado em dois cavaletes e com duas velas acesas ao lado. 

— O cara voltou amarelinho, querendo bater na gente.

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