Foi preciso coragem.
Mas Ney Franco fez o que muitos duvidavam no Morumbi.
Resolveu barrar Paulo Henrique Ganso do jogo de amanhã contra o Bolivar.
O motivo: falta de vibração do meia.
A mais cara contratação já feita entre clubes brasileiros está decepcionando.
Não tem mais qualquer problema físico.
Está completamente recuperado.
Até entrou em jogos no final do ano passado para ganhar ritmo.
Fisicamente, tem condições de correr os 90 minutos.
Mas nos treinamentos de 2013, estava decepcionando.
Ney Franco é fã da inteligência tática de Jadson.
Tentava de todas as maneiras o manter no time.
Com a venda de Lucas, pensou em colocá-lo na direita.
E dar o privilégio de Paulo Henrique jogar como gosta, ser o armador do time.
Só que ele se mostra inacreditavelmente disperso.
No jogo-treino contra o Red Bull, ele teve uma péssima atuação.
Os titulares perderam por 2 a 0 nos primeiros 45 minutos diante do time da A2.
Quando houve várias trocas, principalmente a saída de Ganso, houve a reação e o empate.
Contra o Mirassol, outra participação pífia, sem vibração do meia.
E ele foi substituído.
O argentino Cañete entrou no seu lugar e foi atuar na direita.
E Jadson passou para o meio.
A partida de amanhã, pela pré-Libertadores é considerada fundamental.
O time precisa golear o Bolivar no Morumbi.
Para ficar tranquilo no jogo de volta na altitude de 3.660 metros de La Paz.
Ney Franco sabe que os bolivianos atuarão fechados, sonhando com um empate.
Ou mesmo uma derrota por poucos gols, com possibilidade de ser revertida.
A Libertadores é a competição que Juvenal Juvêncio prioriza.
Ele quer de qualquer maneira a conquista.
Ainda mais porque há a disputa interna com o maior rival, o Corinthians.
Conselheiros, torcedores, tudo conspirou.
E Ney Franco tomou a atitude que muitos duvidavam.
Tirou Ganso, colocou Jadson no meio.
E na frente, Luis Fabiano ganhou a companhia de Aloísio.
O ex-jogador do Figueirense é velocista e gosta de jogar pela direita.
Pela esquerda, Oswaldo foi mantido.
O São Paulo será mais insinuante, veloz.
Com maior capacidade de desmontar a retranca boliviana.
Lento, inseguro, Paulo Henrique estava travando o São Paulo.
Pelo talento que o ex-santista tem, pode ser um problema de adaptação.
Inclusive psicológica.
Que deve passar.
Só que Ney Franco não tem tempo a esperar.
Ganso terá a inútil primeira fase do Campeonato Paulista para ganhar confiança.
O jogo contra o Bolivar não permite isso.
Pelo menos até que o São Paulo não consiga uma boa vantagem de gols.
Aí terá de entrar.
Até para justificar o altíssimo investimento de R$ 23,9 milhões.
A diretoria do São Paulo não ficou contra o treinador.
Muito pelo contrário.
Se animou diante de sua coragem.
Paulo Henrique percebeu.
A Libertadores para o clube do Morumbi é mais importante do que tudo.
Principalmente de um jogador diferenciado, caro, mas inseguro.
Ele que se resolva.
O São Paulo de 2013 não tem tempo a perder.
O pacato Ney Franco mostrou isso de forma escancarada.
O time do seu último treinamento é o que coloca em campo no dia seguinte.
E deixou todos de queixo caído.
Mais uma situação de pouca sorte na carreira de Ganso.
Ainda mais faltando poucas horas para a primeira convocação de Felipão.
Se seu nome estiver na lista, será difícil o treinador explicar.
Como levá-lo para a seleção enfrentar a Inglaterra?
Se acabou sacado de um jogo fundamental pela Libertadores?
Tudo isso é culpa do próprio Paulo Henrique.
Da sua apatia, omissão.
Talento de sobra ele tem.
Falta personalidade, sangue nas veias.
Está na hora de parar de ir sorrindo para o banco de reservas…