O fraco desempenho da economia brasileira em 2012 terá impacto sobre a renda do trabalhador em 2014, quando osalário mínimo for ajustado com base na inflação geral e no desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) — a soma do valor de todos os serviços e bens produzidos pelo País.
Na segunda-feira (3), a previsão de crescimento da economia brasileira para este ano caiu de 1,50% para 1,27%, depois que foi divulgado o resultado do PIB do terceiro trimestre, cujo avanço foi de 0,6%. De janeiro a setembro deste ano, o crescimento da economia ficou abaixo de 1% em relação ao mesmo período de 2011.
O professor do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais) Gilberto Braga explica que o PIB é utilizado no cálculo do salário mínimo dos próximos anos.
— Um PIB ruim em 2012 já projeta um salário ruim em 2014. Por lei, o ajuste do salário mínimo é feito com base na inflação e no PIB de dois anos antes, gerando impacto direto (na renda do trabalhador).
O especialista aponta também um impacto indireto no bolso do trabalhador.
— Uma economia mais fraca, em tese, significa que as empresas estão crescendo menos e poderão contratar menos no futuro, ou mesmo segurar os reajustes salariais.
Braga lembra também que o bom desempenho da economia brasileira depende das condições do mercado global.
— O PIB brasileiro, sem a ajuda do setor externo, fica em torno dos 2% ao ano. Para crescer mais que isso, a economia mundial precisa melhorar, já que as relações de troca com o Brasil aumentam.
A professora da FGV (Fundação Getulio Vargas) Celina Ramalho aponta que a economia nacional está menos vigorosa em 2012 por causa da situação das economias avançadas da Europa e da América do Norte. Segundo ela, os países estão se ajeitando em um novo cenário econômico.
— A economia dos Estados Unidos deixou de ser hegemônica e a Europa está em recessão. Com isso, uma nova estrutura econômica vai prevalecer. O Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e a África do Sul) é o novo grupo de países capaz de ajudar na recuperação da economia mundial.
Ao contrário da avaliação do diário Financial Times, publicada na segunda-feira, questionando o potencial de desenvolvimento do Brasil, a professora observa que o Brasil é um país "extremamente" novo, referindo-se à transformação de uma nação agrária em uma economia industrial e de serviços.
— A situação do PIB baixo é pontual. A economia brasileira por si não sustenta o crescimento e depende das exportações, do arranjo com a China e países da Ásia. É preciso estruturar e amadurecer o mercado interno e os investimentos.
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