Vanessa Panisset – Poderia me promover ou levantar o grupo às custas do Adriano, mas nós vivemos do nosso trabalho e não vamos mentir falando que alguma de nós ficou com ele. Não rolou nada, só papo mesmo. Ele estava carente, queria conversar, descobriu nosso celular e pediu que fossemos até a casa dele. E ele não estava bêbado como dizem. O Adriano ficou muito emocionado, quase chorou, depois de falar tudo que queria e estava engasgado. E o público veio abaixo. Ele é querido por todos.
Mas ele continuou bebendo quando chegou na casa dele? O que ele ofereceu para vocês?
Para nós, cerveja. E ele bebeu refrigerante, tiramos até um barato da cara dele. Queria falar da vida, da história dele, desabafar mesmo. Engraçado que rolou empatia porque a gente deu força para ele ser ele mesmo, falar, e ele ficou agradecido mesmo sabendo que isso poderia repercutir negativamente. Dizia que amava a comunidade e o Flamengo. Que isso é a vida dele.
Mas ele não "cantou" nenhuma de vocês?
Não. Chegamos e ele estava com duas amigas que acho que eram só amigas mesmo. Nós entramos com o nosso motorista e ele não fez nenhuma gracinha diferente. Foi gente boa demais.
Você acha que assim ele vai conseguir voltar a jogar futebol?
Difícil falar. Ele é público e se expõe. Quer se divertir. E tudo, quando se fala nele, fica muito grande. Eu acho que ele anda com amigos errados, que ficam dando corda para ele se enforcar. Ficar na aba dele e aproveitar do que ele tem. Se andasse com pessoas melhores, seria melhor aconselhado. Por exemplo, agora é um momento que ele tem que curtir mais em casa e se dedicar ao futebol. Ficar indo em balada, ele vai ser fotografado e sairá em todos os jornais no dia seguinte. A gente só tem uma chance na vida e fico triste se ele perder a dele, mas confio que ainda brilhará muito no Fla.
Vocês saíram que horas da casa dele?
Já era dia claro, tanto que tomamos café da manhã com ele.
E o que ele serviu?
Mandou fazer aquela mesa linda, cheia de frutas, frios, pães, sucos. Ele comeu coisa natural. Nada de besteira. Estava bem, feliz com o desabafo e tranquilo demais.
E agora ele é seu amigo?
Não só meu, como de todo o grupo. Ofereceu para nos ajudar com o figurino, o que precisarmos. Sabe que a gente também veio da comunidade e que entendemos o que ele passou.
Você nasceu onde?
Na Vila Cruzeiro, como ele. Mas não éramos amigos porque sou mais nova. Lembro que via ele de longe. Nossos pais eram amigos. Eu morava bem no comecinho da comunidade, em um lugar melhor. Já ele nasceu lá no fundão, no lugar mais humilde mesmo. Graças a Deus hoje moro na Penha e ele na Barra hoje. Tudo melhorou. Mas não negamos nossas origens e nos sentimos bem mesmo com o pessoal da comunidade!
Você acha que ele precisa ser internado para tratar do alcoolismo como doença?
Sinceramente, não. Ele precisa de carinho, estar rodeado de pessoas que o amam de verdade, sem interesse. Isso deixaria o Adriano muito bem.
E que impressão ele deixou para você?
Que é um moço tímido. Nossa! Quando chamamos ele no palco não queria vir de jeito nenhum. Só se animou quando a galera começou a aplaudir. Foi mais aplaudido que o Belo. Ele precisa de carinho. É muito carente. Dá vontade até de cuidar!
