Na próxima quarta-feira (03) o relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, começa o julgamento dos acusados do crime de corrupção ativa na “fatia” do processo que trata sobre compra de votos no Congresso Nacional. A expectativa é que o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu e os petistas Delúbio Soares, Sílvio Pereira e José Genuíno comecem a ser julgados.
Para o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, responsável pela denúncia, há provas suficientes no processo para condenar Dirceu por corrupção ativa e formação de quadrilha.
—O que tenho dito é que não se pode exigir em relação a ele (Dirceu) o mesmo tipo de prova que temos em relação a outras pessoas. Mas é uma prova indiciatória, abundante, torrencial mesmo. E que respalda integralmente a acusação feita no sentido de que ele é sim o líder, o mentor, o chefe da quadrilha.
Apesar da expectativa quanto ao julgamento dos petistas, Barbosa ainda não revelou se trata sobre José Dirceu esta semana ou se começará o voto apenas sobre o núcleo financeiro do esquema. Também são réus para o crime de corrupção ativa o publicitário Marcos Valério, seus sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz; seu advogado Rogério Tolentino e suas ex-funcionárias, Simone Vasconcelos e Geiza Dias.
Supremo condena 12 réus e abre impasse sobre empate
Independente da ordem de votação, os votos dos ministros já dão sinais de que o plenário tende a aceitar a tese de que houve corrupção ativa.
Todos os dez réus acusados por corrupção passiva foram condenados pelo crime, o que levanta a possibilidade de condenação também por corrupção ativa.
Dos dez acusados, seis políticos foram considerados culpados por unanimidade: Pedro Correa (PP), Valdemar Costa Neto (PL), Bispo Rodrigues (PL) Roberto Jefferson (PTB), Romeu Queiroz (PTB) e José Borba (PMDB). Os ministros Joaquim Barbosa e Luiz Fux já consideraram que houve compra de votos.
No voto dessa segunda-feira (01), o decano do Supremo, Celso de Mello, chamou o esquema de desvio de dinheiro público de “vergonhosos atos de corrupção alimentados por ações obscuras”. Já Ayres Britto ressaltou que, mesmo que houvesse caixa-dois com dinheiro público, o crime deveria ser punido duramente.