O ataque de um adolescente de 16 anos, que mutilou a mãe e mastigou o dedo dela, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, chocou vizinhos da família, que se disseram surpresos com a atitude dele. Para José Carvalho, de 18 anos, que morava na mesma rua do adolescente, a agressão causa espanto, porque o jovem sempre teve comportamento normal.
— Nunca imaginei que ele poderia fazer isso. Ele não era de falar com ninguém, mas andava normal, andava até de moto táxi. Todos ficaram muito assustados com isso.
Segundo testemunhas, o jovem fugiu de casa, no bairro Cabuçu, por volta das 20h, no dia 20 deste mês. Cristiane dos Santos Simplício, de 30 anos, foi atrás dele e o localizou em um quarto abandonado em uma rua próxima, onde ocorreram as agressões. Ela teve pedaços do rosto e do seio arrancados, além de ter um dedo mastigado, um olho arrancado e outro furado.
Para Nathan Silva, de 22 anos, que ajudou no resgate da mãe do rapaz, a surpresa foi ainda maior, pois ele participava da procura pelo adolescente.
— É muito triste. Ela veio aqui na rua procurando o filho e, quando soube que tinha pulado o muro para o terreno, foi até a casa. Depois só ouvimos os gritos.
Ele ainda contou que chamou outras pessoas e correu para ajudar, pois achou que fosse uma briga comum.
— Achei que era uma briga, mas quando cheguei, ele estava com um pedaço de vidro enfiando na barriga da mulher. Ninguém podia chegar perto. Só a polícia que, depois de um tempo, chegou e controlou a situação.
A mulher não corre risco de morte, mas não tem previsão de alta. O estado de saúde dela é estável, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Internada no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, zona norte do Rio, ela pode ser submetida à cirurgia buco-maxilo-facial (região da boca, face e pescoço), mas isso ainda está sendo avaliado pela equipe médica. Ela está lúcida.
Caso choca policiais
Um dos vizinhos tentou negociar a libertação da mãe, mas não teve êxito e chamou a polícia. No momento em que foi socorrida, de acordo com o delegado Luiz Jorge Rodrigues, da Delegacia da Posse (58ª DP), a vítima só conseguiu dizer que o agressor era seu filho e que teria problemas mentais.
O rapaz foi apreendido e encaminhado para uma instituição de recuperação de menores de idade em Belford Roxo. Caso seja comprovado que ele tenha problemas mentais, o rapaz deve ser internado pelo Estado em uma clínica psiquiátrica, onde pode permanecer até completar 21 anos.
O delegado Delmir da Silva Gouvêa, titular da Delegacia de Comendador Soares (56ª DP), não descartou a hipótese de o rapaz estar sob efeito de drogas e encaminhou o caso à Promotoria da Infância e Juventude. O delegado Rodrigues classificou a situação como deplorável.
— Na verdade, os PMs foram atrás da informação de que um filho bateu na mãe. Quando eles entraram no quarto, viram o filho pelado, a mãe pelada, ele grudado nela e comendo, mastigando o dedo da mãe, literalmente.
Mesmo chocados, os policiais militares uniram forças para tentar salvar a mulher e, ao mesmo tempo, conter o adolescente sem machucá-lo.