Desde a manhã desta quarta-feira (18), o bicheiro Carlos Cachoeira está mais perto do epicentro do escândalo que provocou. Ele chegou a Brasília às 8h05 em um avião de carreira, escoltado por agentes penitenciários federais, após ser transferido do presídio de Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde estava desde fevereiro quando a operação Monte Carlo da Polícia Federal foi deflagrada.
Antes de embarcar para a penitenciária da Papuda, na capital federal, Cachoeira teve que tomar soro para se recuperar de um mal estar. Durante os quase dois meses em que ele está preso, já perdeu ao menos 15 quilos e teve a cabeça raspada. Seu abatimento aumentou ao receber a notícia, na segunda-feira (16), de que sua mãe morreu por causa de uma infecção pulmonar.
O bicheiro está detido na ala sob a custódia do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), que recebe presos à disposição da Justiça Federal. No local há ao todo 23 presos divididos em até oito celas de 12 metros quadrados cada, monitoradas por câmeras de segurança, sem janela e com vaso sanitário, cama e chuveiro de água quente. Carlos Cachoeira divide a cela com outros dois presos.
O contraventor não tem direito a receber jornais e revistas, mas pode tomar banho de sol durante duas horas por dia em um local isolado. Seus advogados também podem visitá-lo de segunda a sexta-feira das 9h às 16h e os familiares, às terças-feiras de 9h ao meio dia.
Eles também podem levar objetos pessoais e alimentos ao preso. As visitas, no entanto, são feitas em uma sala em que uma parede de acrílico divide o preso do visitante e eles conversam por um telefone.
Cachoeira está preso por ser acusado de chefiar um esquema de corrupção abastecido por jogos de azar e máquinas caça-níqueis. A investigação da PF, porém, tem apontado que o bicheiro tem ligações suspeitas com agentes públicos, incluindo deputados e senadores, e empresas que têm contrato com o governo.
A advogada do bicheiro, Dora Cavalcanti, conversou com ele durante 40 minutos. Segundo ela, o encontro foi técnico para atualizá-lo da situação de seu processo. Dora assegura que o contraventor não é sabe da repercussão do escândalo político que o tem como pivô.
– Ele não tem a dimensão dos fatos e não está preocupado com a opinião pública.
Dora afirma que pretende entrar com habeas corpus da Justiça Federal para que Cachoeira seja libertado. Ela argumenta que a prisão cautelar é ilegal e desnecessária.
O Ministério Público Federal, no entanto, decidiu recorrer contra a transferência do bicheiro para Brasília por acreditar que ele pode voltar a manter contatos com seus aliados de dentro de um presídio comum. A transferência foi autorizada pelo desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) Tourinho Neto. Ele alegou que Cachoeira não apresenta risco à sociedade e que não cometeu crime hediondo.