Nos tempos de jogador, Cristovão foi caracterizado pela simplicidade. Marcava e atacava com a mesma eficiência no meio-campo. Fora dele, manteve semelhante postura. Talvez por isso tenha conseguido dominar com a costumeira tranquilidade o problema sofrido por Ricardo Gomes e não deixado o ritmo do Vasco cair, se tornando em um dos grandes nomes da boa campanha no Brasileirão e presença certa em 2012 no clube.
Satisfeito com o desempenho cruz-maltino na temporada, o melhor desde 2000, a diretoria vascaína não demonstra vontade em mexer na comissão técnica, mesmo sabendo que Ricardo Gomes não deve retornar neste começo do ano.
Por conta disso, Cristovão, querido pelos jogadores e funcionários, terá respaldo para iniciar o trabalho, não deixando de conversar sempre com o amigo que, aos poucos, se tornará mais presente.
Auxiliar de Ricardo há dez anos, nunca se preocupou em atrair os holofotes. Fiel a uma amizade que vem desde a época de Fluminense, quando o então meia recebeu nos profissionais o promissor zagueiro que despontava, não tem a vaidade de querer aparecer a qualquer custo.
Sabia que, uma hora ou outra, seu momento chegaria. E chegou no susto, em uma situação delicada, na qual viu o amigo de décadas sofrer um AVC à beira do campo, correr risco de morte e ficar impossibilitado de comandar o time.
– Foi terrível, muito sofrido, doloroso. O que me confortou foi o apoio da equipe. Sabia que poderia contar com os jogadores e segui em frente, assumi o desafio.
Cristovão, 52 anos, foi efetivado pela diretoria e passou a comandar o Vasco com Ricardo Gomes ainda repleto de incerteza, em uma CTI de um hospital carioca.
Ao mesmo tempo que Ricardo iniciava sua luta fora dos gramados, Cristovão começava a escrever seu nome na história vascaína. No segundo turno, levou o time a fazer 34 pontos, um a menos que o amigo, mostrando a enorme semelhança identificada entre ambos.
– Procurei não atrapalhar. Acho que essa foi minha maior atribuição. Fiz tudo simples, de forma direta, e não tive nenhum problema com os jogadores.
Para o futuro, Cristovão afirma não desejar ser treinador. Promete não largar Ricardo Gomes, com quem virou há 11 anos e ajudou em trabalhos no Juventude, Fluminense, Flamengo e São Paulo.
– Não tenho esse desejo. Estamos juntos há muito tempo e, assim que ele voltar, retorno para a função de auxiliar. O mais importante é o Ricardo voltar a trabalhar conosco.