Luiz Pagot, que foi o trator do governo Maggi, agora "atola" no Dnit por causa de escândalo e é afastado do cargo
O afastamento de Luiz Antonio Pagot da direção-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes por causa de esquema de propina do PR, escândalo revelado pela revista Veja desta semana, deforma todo o conceito de boa gestão propagado pelo grupo do hoje senador Blairo Maggi, que conquistou a cadeira de governador por duas vezes dentro do foco da transparência, honestidade e quebra de paradigma.
Maggi priorizou e teve como principal bandeira a infraestrutura. Avançou bem no setor, com construção de novas rodovias. E teve Pagot como supersecretário, um trator batizado de tocador de obras e que, por isso, ganhou espaço nos governos petistas de Lula e Dilma. O ex-governador foi o avalista do nome do seu afilhado político para vir a conduzir uma das autarquias mais cobiçadas do governo federal, com orçamento de R$ 14 bilhões anuais. Agora, com a denúncia que levou a presidente a mandar afastar os principais dirigentes do Dnit, entre eles Pagot, a turma da botina vê uma de suas pernas quebradas.
O curioso é que foi esse grupo da turma da botina, quem, ainda em 2002, assim que Maggi se elegeu governador, escalou Pagot para denunciar a caixa preta do governo Dante de Oliveira, o que trouxe desgaste ao tucano. Agora, Pagot é denunciado.
Os ataques à imagem do diretor-geral do Dnit afastado devem ganhar força na oposição, tanto em âmbito estadual quanto no Congresso Nacional, mesmo que negue participação ou conivência em um esquema no Ministério dos Transportes, o qual o Dnit é vinculado. Segundo a denúncia, dirigentes do PR, partido de Maggi, Pagot e presidido em Mato Grosso pelo deputado Wellington Fagundes, estariam cobrando propina de fornecedores em troca de sucesso em licitações, dando garantia de superfaturamento de preços.
O esquema seria comandado pelo ministro Alfredo Nascimento e pelo deputado Valdemar Costa Neto, que em 2005 foi obrigado a renunciar ao mandato na Câmara, por causa do escândalo do mensalão.
O assunto deve ser mantido na pauta por alguns dias. Desde já, fica a impressão de que Pagot não soube honrar a oportunidade de representar Mato Grosso num dos cargos mais importantes da União. Seu afastamento temporário e, consequentemente, a exoneração, prejudica o Estado, que espera a conclusão de obras vitais para o seu desenvolvimento.
Histórico
Muita confusão gera em torno da figura de Pagot. Seu processo de nomeação no Dnit demorou 6 meses. Passou todo esse período bombardeado de críticas por ter sido fantasma do gabinete do ex-senador Jonas Pinheiro (já falecido). Depois, perdeu o direito à primeira-suplência do senador Jayme Campos, que pediu licença, forçando-o a optar entre a vaga provisória no Senado ou a saída do Dnit. Escolheu a autarquia.
Há dois meses, em discurso, Pagot incentivou um grupo de gestores públicos e empresários paranaenses a atear fogo numa praça de pedágio se a construtora não concluísse obra de duplicação de uma BR. A incitação à violência deixou a presidente Dilma preocupada. Agora, o Palácio do Planalto não foi complacente. Bastou estourar o escândalo que se convencionou chamar de mensalão do PR que Dilma mandou logo afastar Pagot e também o chefe de gabinete do Ministério, Mauro Barbosa da Silva, o assessor Luís Tito Bonvini, e o presidente da Valec, José Francisco das Neves.