Agentes prisionais e policiais militares estão expostos a constantes situações de tensão, dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE), no bairro Pascoal Ramos.
No começo desta semana, uma rebelião de detentos e um protesto dos agentes prisionas – o que provocou uma paralisação das atividades durante dois dias – agravaram ainda mais a situação, que já era caótica, no maior presídio de Mato Grosso.
Superlotação, efetivo reduzido e segurança deficiente são alguns dos combustíveis da crise que reflete a fragilidade de todo o sistema prisional de Mato Grosso.
Na segunda-feira (20), o agente penitenciário Wesley da Silva Santos, 24, foi morto, durante o motim realizado pelos presos. O agente estava no seu segundo dia de trabalho e foi escalado para o confronto direto com os presos. Após a morte do agente, a categoria organizou um protesto e cruzou os braços por dois dias.
Durante a paralisação, os agentes se reuniram na frente da PCE, protestando contra a falta de segurança e fazendo um manifesto pela morte do agente penitenciário. Durante os dias de paralisação, a segurança interna da penitenciária foi feita por policiais militares.
Na manifestação, o aumento do efetivo foi solicitado pelo sindicato, para garantir a ordem e segurança dentro da unidade prisional, que vive uma de suas maiores crises.
Segundo o Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário de Mato Grosso (Sindspen), a quantidade de policias militares dentro da PCE continua a mesma de antes do motim. O sindicato informa que se as promessas não forem cumpridas haverá uma nova paralisação já no início da semana.
Situação de estresse
A Penitenciária Central do Estado passa por uma revista minuciosa desde o início da manhã de quinta-feira (23). Policiais da Rotam foram convocados para reforçar a segurança do local.
O tenente-coronel Edgar Maurício Domingues, comandante do Batalhão de Guarda do presídio, afirma que a situação é muito tensa, mas nega que tenham sido feitos disparos de arma de fogo na interior da unidade prisional.
"Não podemos dizer que a situação está tranquila, o ambiente é tenso, é situação é de extremo estresse, mas não houve disparos de arma de fogo. As celas estão sendo revistadas e o barulho das portas se fechando pode ser confundido com tiros", disse o comandante. Segundo ele, o clima de estresse é por conta do confinamento a que os presos estão submetidos, desde o motim na última segunda-feira.
Além disso, a revolta também é motivada pela superlotação das celas. Os cubículos, que deveriam abrigar oito presos, estão lotados com cerca de 40 detentos por cela. Presos reclamam da suspensão das visitas familiares, proibição do banho de sol e demora na entrega das refeições.
Atualmente, a penitenciária abriga 2.100 presos, três vezes mais que a sua capacidade. Para manifestar a insatisfação, detentos batem nas grades e ameaçam atear fogo nos colchões.
Insegurança e medo de fuga
Familiares de presos se aglomeram no portão da PCE, buscando informações sobre o caos na unidade prisional. Moradores do bairro Pascoal Ramos, vizinho da penitenciária, temem que ocorra uma fuga em massa.
"Não estamos conseguindo ficar em paz; carros da Polícia passam a todo o momento. Temos medo de acontecer uma fuga e ainda sobrar para os moradores. O Estado tem que resolver esse problema. Do jeito que está não pode ficar", disse o morador Luiz Carlos Albres.
Sem diretoria
Após a crise instalada na unidade, no feriado de Corpus Christi, na quinta-feira (23), oito membros da direção colocaram seus cargos à disposição do superintendente de Gestão Penitenciária, José Carlos de Freitas. Foram nomeados diretores interinos até que uma nova diretoria seja empossada.
Os pedidos de demissão foram feitos três dias depois do motim ocorrido dentro da unidade prisional e que terminou com a morte do agente prisional e um detento.
Pediram desligamento o diretor da unidade, subdiretor, líder de segurança e disciplina, gerente administrativo e quatro lideres de equipe. O motivo é a falta de segurança na unidade.
Reforço prometido
De acordo com o secretário-adjunto de Justiça e Direitos Humanos, Genilton Nogueira, as reivindicações dos agentes prisionais serão atendidas. Até o momento, não foi divulgada a quantidade de policiais militares que irá reforçar a segurança na Penitenciária Central.